Histórias que dão samba


Em 1928 nasceu a única filha de Drummond, Maria Julieta. No mesmo ano o escritor e jornalista começou outra carreira, a de funcionário público. Ele foi auxiliar de redação na Revista do Ensino , da Secretaria de Educação de Minas Gerais. Desde então, ocupou vários cargos no governo. Em 1934, Drummond e a família mudaram-se para o Rio de Janeiro. O escritor também era, agora, chefe de gabinete do amigo e novo ministro da Educação e Saúde Pública, Gustavo Capanema. Mas o cargo público não impedia a carreira literária de Drummond! Além das crônicas publicadas na imprensa, o escritor fazia poesias.

Drummond achava que “poesia é negócio de grande responsabilidade”. Seu primeiro livro de poemas, lançado em 1930, chama-se Alguma Poesia . Em 1934, amor e fracasso estavam presentes em Brejo das Almas . O terceiro volume de poesias veio em 1940, com Sentimento do Mundo . O escritor, cada vez mais conhecido e elogiado, lançou outras obras.

Em 1962, o escritor se aposentou do funcionalismo público. Em 1969, deixou de escrever no Correio da Manhã e passou a colaborar no Jornal do Brasil . Drummond já era conhecido como um dos melhores autores brasileiros. Em 1984 ele se despediu do Jornal do Brasil e deixou de escrever crônicas regularmente. O escritor morreu em 17 de agosto de 1987, aos 84 anos de idade.

Mas essa história não termina por aqui. Morre o escritor, mas a obra dele fica! Há muita coisa boa para ler… Drummond escreveu vários contos infantis, para rir e pensar. Em “Governar”, as crianças brincam de política.

Os garotos da rua resolveram brincar de Governo, escolheram o presidente e pediram-lhe que governasse para o bem de todos.

– Pois não – aceitou Martim. – Daqui por diante vocês farão meus exercícios escolares e eu assino. Clóvis e mais dois de vocês formarão a minha segurança. Januário será meu Ministro da Fazenda e pagará o meu lanche.

– Com que dinheiro?

– Cada um contribuirá com um cruzeiro por dia para a caixinha do Governo.

– E que é que nós lucramos com isso? – perguntaram em coro.

As histórias de Drummond se parecem muito com a realidade, não é mesmo? Pois ele se baseava nas notícias do jornal, nas coisas que contavam a ele e na própria imaginação para escrever textos. As professoras do primário o estimulavam a escrever sempre. Drummond disse que sua infância foi passada “entre cidade pequena e fazenda (…) . Tive coisas boas, ou que ficaram boas na lembrança, porque eu não soube curti-las bastante, na ocasião. Mas agora eu curto”. Drummond chegou a escrever um poema no qual a infância era título e tema!

Muitas obras se seguiram, algumas acompanhadas de prêmios literários e editadas em outros países. Além de escrever, ele gostava de coisas simples: “Gosto de andar a pé, de comer chocolate, de folhear livros ilustrados, de cultivar meus amigos, de decifrar o jogo dos oito erros, de brincar com crianças pequenas, de desenhar (mal), de ver filmes na televisão depois da meia-noite”. A vida de Drummond tem mais histórias do que as que ele colocou no papel! Em 1987, o escritor foi homenageado com o samba-enredo “O reino das palavras” , da escola de samba Estação Primeira de Mangueira. A escola venceu o Carnaval do Rio de Janeiro. E Drummond ganhou a coroa do reino das palavras!