Não sei se você tem na família ou na turma da escola um par de gêmeos idênticos. É impressionante como, na aparência, eles podem ser iguaizinhos: mesmos olhos, mesmo nariz, mesma boca… Por outro lado, muitas vezes, um dos irmãos é mais tímido e o outro, mais extrovertido. Ou um é mais calmo e o outro, mais brigão. Curioso, não é? Pois um grupo de cientistas alemães está tentando descobrir por que isso acontece.
Gêmeos idênticos dividem o mesmo genoma, ou seja, o mesmo conjunto de informações presentes no DNA – molécula que fica dentro de nossas células e ajuda a determinar nossas características, como a cor do cabelo, a altura etc. Além disso, na maioria das vezes, são criados juntos, na mesma casa e pelos mesmos pais. Por que, então, eles se tornam tão diferentes?
Os cientistas decidiram testar isso em camundongos. No experimento, usaram 40 camundongos geneticamente idênticos e criados em ambientes iguais. Ainda assim, perceberam que cada um desenvolve características próprias. A explicação estaria na plasticidade cerebral, ou seja, na capacidade de o cérebro se adaptar a novas funções.
Mesmo em gêmeos idênticos, cada indivíduo tem um cérebro único. Segundo os especialistas, isso acontece porque o cérebro não nasce pronto – continua se formando ao longo da vida, de acordo com as experiências que cada um vive. A pesquisa monitorou o cérebro dos camundongos durante três meses e observou o surgimento de novos neurônios em uma região chamada hipocampo.
Todos os comportamentos dos camundongos foram gravados e analisados pelos pesquisadores. “Apesar de crescerem em um mesmo ambiente, as possibilidades de explorá-lo eram tantas que cada um teve experiências únicas”, conta o médico Gerd Kempermann. Os animais que exploraram mais o território, por exemplo, tinham mais neurônios ao fim do experimento.
Isso dá pistas sobre como, além de nosso material genético, nossos hábitos e experiências também ajudam a formar o cérebro. “Nossa descoberta trata do mistério e da controvérsia de como ambientes diferentes ou os modos como vivemos nossas vidas nos transformam em quem somos”, conclui Gerd.