Você certamente já comeu amendoim, bebeu guaraná, se deitou numa rede e pronunciou palavras como “mingau” ou “cipó”. Mas por acaso parou para pensar por que faz tudo isso? Acredite: é por causa dos índios! Herdamos da cultura deles muito do que usamos, ingerimos e dizemos! E, para permitir que as pessoas tenham um contato maior com ela, existe o Museu do Índio, no Rio de Janeiro. Ele está celebrando 50 anos de atividade e o dia do seu aniversário não poderia ser mais apropriado: 19 de abril, dia do índio!
Para que o museu fosse criado, duas pessoas foram muito importantes: o Marechal Rondon (1865-1958) e o educador Darcy Ribeiro (1922-1997). Rondon chefiou várias expedições para tentar manter um contato pacífico com os índios e reuniu objetos e fotos desses povos . Já Darcy Ribeiro foi um educador que defendeu os índios e tornou realidade algo que Rondon sempre incentivou: a criação de um espaço dedicado à cultura indígena. Em 1953, ele fundou o Museu do Índio, destinado a conservar as tradições desses povos — suas músicas, brincadeiras, línguas, histórias e crenças –, estudá-los e transmitir esse saber à sociedade.
Por que se comemora o Dia do Índio em 19 de abril? Eis aí uma pergunta que todo mundo já se fez. E aqui está a resposta: em 19 de abril de 1940, representantes dos principais países da América se reuniram pela primeira vez para estudar as questões dos grupos indígenas! Esse encontro ocorreu no 1º Congresso Indigenista Interamericano, no qual se estabeleceu que o dia 19 de abril seria dedicado ao estudo do problema do índio atual em toda a América. Três anos depois, em 1943, o governo brasileiro, seguindo a recomendação do Congresso Nacional, decretou que a data seria o “Dia do Índio” no país.
Segundo Arilza de Almeida, chefe do serviço de atividades culturais e divulgação do museu, um dos objetivos da instituição é mostrar ao público como a cultura desses povos é diversificada e rica. “Os índios não são todos iguais”, explica. “Cada tribo tem um pensamento, uma língua e uma forma de viver.” Ela acrescenta que os indígenas não devem ser vistos como parte do passado, mas do presente. “Enquanto crianças visitam o museu, meninos e meninas indígenas estão em suas tribos, brincando ou aprendendo as tarefas de seus grupos.”
Por falar em visita, para celebrar seu aniversário, a instituição inaugura em 19 de abril uma nova sala — chamada Museu das Aldeias — com a mostra Umutina. Os umutinas foram um dos primeiros povos a fornecer objetos, fotos e histórias para o acervo da instituição e a exposição mostra todo esse material, além de outros mais atuais cedidos pelo grupo indígena que tem 268 componentes.
Até dezembro, o museu promove ainda a exposição Wajãpi, sobre o grupo indígena de mesmo nome. O destaque fica por conta da oficina sobre a linguagem usada por ele: a kusiwa, representada por desenhos feitos em papel, cerâmica ou no próprio corpo. Nela, cada gravura tem um significado, de acordo com um código. Um índio wajãpi, por exemplo, precisa apenas fazer a ilustração que representa uma borboleta — mesmo que ela não pareça com o animal — para que todos entendam o que ele desenhou!
No Brasil, existem aproximadamente 350 mil índios, organizados em cerca de 215 grupos, que falam pouco mais de 160 línguas. O maior grupo indígena brasileiro atualmente é o Guarani, com 35 mil índios, que habita o sul e o sudeste do país, além do Mato Grosso do Sul. De acordo com a Fundação Nacional do Índio, há ainda cerca de 40 grupos isolados, que não mantêm contato com outros povos.
A kusiwa é tão importante para a comunicação dos wajãpis que poderá se tornar a primeira arte brasileira a receber o título de obra-prima do patrimônio material da humanidade! Esse prêmio é dado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), em reconhecimento ao alto valor histórico de uma determinada arte! Viu como na cultura indígena há muitos tesouros? Então, aproveite o aniversário do Museu do Índio e o dia 19 de abril para aprender mais sobre ela!
Museu do Índio
Rua das Palmeiras, 55, Botafogo, Rio de Janeiro/RJ.
Tel.: (21) 2286-8899.
Aberto de terça a sexta-feira, das 9h às 17h30.
Sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h.
Entrada: R$ 3