Imaginar-se devorando um prato de insetos pode despertar pavor ou nojo em muita gente. Mas sabia que, em diversos países, os insetos são iguarias de dar água na boca? Detalhe: eles também são nutritivos!
No Japão e na China, larvas do bicho-da-seda são usadas para fazer biscoitos. Na Tailândia, mais de 90 espécies de insetos são apreciadas fritas, torradas e temperadas. No México, percevejos são vendidos crus, moídos com pimenta, para serem usados como condimento na comida. Na zona rural mexicana, costuma-se mastigar a parte superior do abdômen dos percevejos e sugar o seu conteúdo – dizem que é um bom remédio para reumatismo.
Até mesmo no Brasil os insetos estão à mesa. Em nosso país, eles são consumidos como alimento por populações indígenas e rurais. As formigas tanajuras, por exemplo, são fritas no próprio óleo que soltam ao serem esquentadas. Misturadas ao arroz e feijão, substituem a carne no prato de muitos brasileiros. E olha que isso faz sentido…
No planeta, mais de 2.000 espécies de insetos são usadas como alimento. O curioso é que esses animais apresentam alguns nutrientes em comum com a carne do boi e da galinha, só que em maior quantidade. A formiga tanajura ou saúva, por exemplo, tem mais ou menos o dobro de proteínas do que o frango ou o boi, além de ser rica em vitaminas e sais minerais. É verdade que, assim como a casca da maçã, o esqueleto externo dos insetos não é digerido pelo ser humano, mas, por corresponder a uma pequena parte do corpo desses animais, não afeta o seu valor nutritivo.
Não é para menos, então, que os insetos estão no cardápio de muitos povos. Seja na forma adulta, como larva ou mesmo quando nem saíram dos ovos, besouros, percevejos, gafanhotos, formigas e até borboletas são consumidos.
Um hábito desconhecido
Chamado de antropoentomofagia ( antropo = homem, entomo = insetos, fagia = comer), o hábito humano de comer insetos é ainda desconhecido por grande parte da população mundial. Já quem sabe da sua existência costuma encará-lo com desprezo. Afinal, nem todo mundo aprecia ter uma formiga ou um percevejo no prato. Mas por que isso acontece?
Por muito tempo, os insetos foram vistos apenas como seres nocivos, transmissores de doenças. Como poderiam servir de alimento? Pois a ciência considera uma bobagem não inserirmos na dieta insetos sabidamente comestíveis – aqueles que não absorvem substâncias tóxicas de plantas e nem as produzem em seu organismo –, pois eles apresentam um alto valor nutritivo.
“A repugnância pelo consumo de insetos faz com que uma quantidade considerável de proteína animal não chegue à mesa daqueles que sofrem com a fome e a desnutrição”, afirma Eraldo Medeiros Costa Neto, da Universidade de Feira de Santana, na Bahia, que estuda o valor nutritivo dos insetos. Você sabia, por exemplo, que o consumo de dez larvas grandes de uma espécie de mariposa australiana é suficiente para fornecer as necessidades diárias de proteína de um adulto?
Pois a partir de agora, ao se deparar com algum inseto voando pela casa, não se apavore, mas também não corra atrás do animal pensando em servi-lo no jantar. Antes de mudar seus hábitos alimentares, procure se informar sobre as espécies que são comestíveis e nutritivas, pois há espécies perigosas à saúde humana.