Fulano é um lobo em pele de cordeiro! Já escutou alguma coisa parecida? A expressão é usada para falar sobre uma pessoa que finge, em sua aparência ou comportamento, ser o que não é. Mas o disfarce não é exclusividade dos seres humanos: na natureza, é muito comum que espécies animais e vegetais se passem por outras para se defenderem, caçarem e até se reproduzirem.
Nós já falamos aqui, por exemplo, sobre serpentes que mudam o formato de sua cabeça para escapar de predadores. E existem muitos outros exemplos desse comportamento, que os cientistas chamam de mimetismo.
Um disfarce curioso é o da lagartixa Coleodactylus brachystoma. Encontrada em Goiás e Mato Grosso, ela se defende dos inimigos de uma forma curiosa: levanta a cauda, imitando um escorpião. Os predadores, com medo de serem ferroados pela inofensiva lagartixa na pele de escorpião, fogem.
Segundo Reuber Brandão, biólogo da Universidade de Brasília, são necessários três fatores para essas e outras formas de mimetismo surgirem na natureza: um organismo tóxico ou de gosto ruim, um animal ou planta parecido com ele e um predador a ser enganado.
Quando um predador passa mal por comer um animal tóxico ou de gosto ruim, aprende a evitar qualquer alimento que seja parecido com aquele, inclusive os que não fazem mal. Esta aí o segredo dos imitadores – eles apostam que serão confundidos pelos predadores com aqueles animais ou plantas que o fizeram mal.
Características físicas, como a semelhança da C. brachystoma com o escorpião, são passadas de geração em geração. Como as lagartixas que têm essa característica têm mais chances de escapar dos ataques dos predadores, acabam vivendo mais e gerando mais filhotes (entenda como funciona a seleção natural na CHC 194). Está aí a prova de que o disfarce funciona!