Mal dá pra ver aqui da Terra, mas a superfície do Sol está em constante movimento, sofrendo gigantescas explosões a todo instante. Nós também não ouvimos essas explosões, nem outros fenômenos do espaço, porque o som não se propaga no vácuo. Mas o compositor americano Robert Alexander deu um jeitinho de tornar o movimento do universo audível: ele transforma dados captados por satélites em música para nossos ouvidos!
Similar ao dos astrônomos que dão cor às fotografias de galáxias, o trabalho de Robert procura transformar informação em som – por isso, recebe o nome de sonificação. Informações enviadas por satélites astronômicos, como a velocidade de rotação do Sol, são transformadas em sons específicos. No final do processo, é produzida uma música que, além de bonita, traz muitas informações sobre o espaço. Confira a canção feita a partir de dados sobre o vento solar:
“O resultado final é muito acurado”, diz Robert. “Mesmo quando uso elementos como uma voz ou um instrumento musical para representar dados, no fundo são os dados que guiam a estrutura da música”.
Como nas coletâneas de grandes compositores, as músicas inspiradas no espaço variam bastante. Quando sonificou tempestades solares, por exemplo, Robert optou por deixar o som bruto, parecendo um monte de ruídos. Já a música que fez para representar o planeta Vênus se movendo é bem mais agradável de se escutar.
Além de entreter, as músicas do espaço ajudam a fazer descobertas. Como elas são feitas com base em dados científicos, ao escutá-las os cientistas podem perceber coisas que normalmente não veriam nos dados originais.
Certa vez, Robert escutava o som que fez a partir de dados sobre o Sol e percebeu um ruído que se repetia. Depois de consultar astrônomos, descobriu que o ruído correspondia ao movimento de rotação do astro. Ouvindo com mais atenção, escutou também harmonias associadas a outros fenômenos, e então descobriu que, em suas músicas, podia ouvir de que partes do astro vêm os ventos solares.
Atualmente, o músico desenvolve um programa de computador para que outras pessoas possam transformar dados em sons. Ele acredita que a ferramenta beneficiaria diversas áreas de pesquisa. “Penso que ciência e arte estão interligadas”, diz. “A partir da música, cientistas podem fazer muitas descobertas. Há alguns fenômenos que podem ser entendidos diretamente pela visão, já outros fazem mais sentido se ouvidos”.