No tempo dos faraós

“Passageiros da barca dos milhões de anos: próxima saída para o reino dos mortos às seis horas!”, anuncia o deus Ra. Ao ouvir o chamado, todos os akh — os renascidos — embarcaram. E você, vai ficar aí parado? Se o reino dos mortos não desperta o seu interesse, mas viajar ao Egito sim, saiba que o Museu Nacional, no Rio de Janeiro, inaugurou uma exposição arqueológica que permite conhecer melhor a antiga civilização egípcia!

Retrato Sarcófago e múmia de Hori expostos no Museu Nacional. Hori era sacerdote e guardião do harém real no antigo Egito. A múmia teria três mil anos de idade! (fotos: José Caldas)

Foi no Egito, localizado ao norte da África, que floresceu há mais de cinco mil anos a primeira grande civilização ocidental. Pirâmides e múmias são alguns dos mais conhecidos aspectos dessa cultura. Os segredos do antigo Egito começaram a ser desvendados quando um arqueólogo decifrou no século 19 os símbolos que os egípcios usavam para escrever (hieróglifos).

Hoje, uma forma de aprender sobre essa civilização é visitar a Coleção Egiptológica do Museu Nacional, que conta com 700 peças, incluindo sarcófagos, amuletos, máscaras e… múmias! A grande estrela da coleção é a múmia do sacerdote Hori. Em seu sarcófago, está representada uma cena do mito da barca dos milhões de anos, descrito no início do texto. Para os egípcios, essa barca os levaria ao reino dos mortos. Eles acreditavam em vida após a morte e desenhavam nos sarcófagos eventos que achavam que aconteceriam quando morressem. Escreviam ainda palavras mágicas em homenagem aos deuses, sobretudo a Osíris, deus dos mortos.

Dentro do ataúde de Hori foi trazida uma múmia ao Rio de Janeiro. Segundo o arqueólogo Moacir Sadowski, muitos pesquisadores do Museu Nacional acreditam que ela é o sacerdote e tem 3 mil anos de idade. Mas o estilo de enfaixamento sugere que o corpo mumificado é mais novo e teria vivido por volta do ano 600 antes de Cristo. De qualquer forma, vale a pena vê-lo!

Outra múmia da mostra também merece atenção: a Princesa do Sol. Seus membros foram enfaixados separadamente com linho, característica rara encontrada só em sete múmias expostas em museus europeus. Em geral, a múmia era enfaixada com braços e pernas juntos ao corpo.

Sarcófago de Sha-amun-em-su, um dos poucos do mundo que ainda não foram abertos. Mesmo assim, é possível ver os pés da múmia

Veja também o único sarcófago da América do Sul nunca aberto: o de Sha-amun-em-su, cantora do templo de Amon, antigo deus dos ventos. Abrir sarcófagos encontrados fechados não é recomendável! Medo de maldição? Nada disso! Mantê-los assim significa respeito e evita danos à peça. Mas a tecnologia ajuda a matar a curiosidade: com raios X, os arqueólogos viram o corpo feminino dentro do sarcófago.

Conheça ainda os blocos de pedra colocados dentro da tumba onde eram escritos pedidos e preces como oferendas aos deuses para que ajudassem o morto na outra vida. Amuletos e vasos onde eram colocados os órgãos mumificados também estão expostos. Esses objetos mostram como crenças religiosas eram importantes para os egípcios.

Se você sempre quis saber mais sobre essa civilização, pode comemorar! Nos próximos dias, a CHC on-line publicará vários textos que contam vários detalhes da história do antigo Egito — inclusive como e por que os mortos eram mumificados!

Museu Nacional da UFRJ
Endereço: Quinta da Boa Vista, s/n
São Cristóvão – Rio de Janeiro/RJ
Telefone: (21) 2568-8262
Horários: de terça a domingo, das 10h às 16h
Entrada: R$ 3. Grátis para maiores de 65 anos e menores de 10 anos