Novidade na fauna brasileira

As florestas brasileiras ainda guardam muitas surpresas – por isso, vira e mexe pesquisadores descobrem novas espécies que as habitam. Cientistas do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (MZUSP) anunciaram recentemente a descoberta de uma nova espécie de macaco na Amazônia, mais especificamente nas florestas do norte do Mato Grosso e no Pará.

Callicebus vieirai

A nova espécie mede cerca de 30 centímetros (sem contar a cauda) e pesa pouco menos de um quilo. Sua face negra, margeada por pêlos brancos, é a principal diferença em relação aos outros sauás conhecidos (Foto: Juliana Gualda-Barros / Papéis Avulsos de Zoologia / CC BY-NC 3.0)

Trata-se de um novo integrante do gênero dos sauás (também chamados de zogue-zogues), do qual são conhecidas trinta espécies diferentes que habitam várias regiões da América do Sul. Batizada de Callicebus vieirai, a nova espécie homenageia Carlos Octaviano da Cunha Vieira – um grande pesquisador que dirigiu a coleção de mamíferos do MZUSP entre os anos de 1941 e 1958.

Callicebus vieirai

Quer conhecer de perto o (i)Callicebus vieirai(/i)? O Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, em Sorocaba, São Paulo, possui em exposição sete exemplares da nova espécie, os quais vinham sendo confundidos com outro tipo de sauá (Foto: Juliana Gualda-Barros / Papéis Avulsos de Zoologia / CC BY-NC 3.0)

Embora sua descoberta tenha sido anunciada só agora, o C. vieirai foi registrado pela primeira vez há mais tempo. Em 1997, enquanto realizava estudos na floresta amazônica, a pesquisadora Marília Kerr encontrou um sauá que identificou como uma espécie ainda não registrada pela ciência. O macaquinho foi levado para o MZUSP, mas o trabalho para oficializar sua descoberta não foi concluído.

Os estudos só foram retomados em 2008, com auxílio de outros dois pesquisadores, Juliana Gualda-Barros e Fabio Nascimento. Além do sauá encontrado em 1997, eles descobriram que havia outros três exemplares preservados desde 1988 na coleção do MZUSP, que ninguém tinha notado serem também da nova espécie. Só agora, após um trabalho bastante minucioso, os três biólogos puderam oficialmente apresentar o C. vieirai ao mundo.

Ainda não há informação suficiente sobre o grau de ameaça que a nova espécie enfrenta devido às ações do ser humano sobre a natureza, mas já sabemos que as regiões onde esses sauás vivem têm sofrido com o desmatamento da floresta para dar lugar a plantações, pastagens e construção de usinas hidrelétricas – sinal de alerta! Precisamos aprender muito mais coisas sobre o C. vieirai, e isso só será possível com seu habitat preservado.