Um ser humano e um passarinho podem ter muitas diferenças, mas compartilham uma mesma habilidade: a linguagem falada. Pelo menos do ponto de vista biológico, a fala humana e o canto de algumas aves são bastante parecidos – para comprovar, basta dar uma olhada no DNA dessas espécies.
Você já ouviu falar em DNA?
Essa sigla quer dizer, em português, ácido desoxirribonucleico. Mas o nome complicado não é obrigatório guardar: o importante é saber que quem define a cor dos seus olhos e muito mais é o DNA! Afinal, ele é um código secreto presente nas células e que ajuda a definir as características de cada ser vivo. Saiba mais sobre o DNA na CHC 122.
Pesquisadores da Universidade Duke, nos Estados Unidos, avaliaram o código genético de beija-flores e mandarins-diamante e encontraram 40 genes – trechos de DNA – ligados ao controle da fala parecidos com aqueles encontrados em humanos. O líder da pesquisa foi o neurobiólogo Erich Jarvis, que há 20 anos estuda a capacidade que algumas aves, como as espécies já citadas e o papagaio, têm de aprender a vocalizar sons.
Segundo ele, a atividade que acontece no cérebro desses pássaros durante o canto é muito parecida com a que acontece em nosso cérebro quando falamos. Por isso, o cientista decidiu investigar a genética dos animais. Os resultados, você já sabe, foram surpreendentes. “Isso é incrível, pois nem nossos parentes mais próximos, como os chimpanzés, têm essa habilidade de aprender e reproduzir sons”, comenta.
É bom dizer que, para Erich, a fala nada mais é do que a capacidade de controlar os movimentos da laringe para reproduzir sons. “O que diferencia os humanos e esses pássaros dos demais animais é a habilidade de imitar sons”, destaca. “A capacidade de entender a linguagem também não é única dos humanos: cães e até galinhas podem entender a linguagem e obedecer quando você diz ‘senta’.”
O pesquisador explica que a diferença entre beija-flores, mandarins-diamante e humanos é a complexidade da linguagem usada. Nossa fala é muito mais elaborada, mas isso não quer dizer que a dos pássaros seja simples. “Acredito que esses pássaros têm um nível de linguagem mais complexo do que o imaginado”, conclui Erich.