Museus de história natural podem ser cheios de surpresas – os fósseis guardados por muitos e muitos anos nas estantes e gavetas, às vezes, têm grandes segredos a revelar! Foi isso o que aconteceu no Museu de História Natural de Londres, na Inglaterra, quando jovens pesquisadores decidiram reestudar antigas coleções de fósseis.
Eles se depararam com o Nyasasaurus parringtoni, descoberto na década de 1930 próximo ao lago Nyasa, na Tanzânia, pelo paleontólogo inglês Francis Rex Parrington. Na década de 1950, o pesquisador Alan J. Charig, falecido há alguns anos e muito famoso no meio científico, estudou os ossos e chegou à conclusão de que pertenciam a um réptil, sem, porém, relacioná-lo aos dinossauros. Mais tarde, o mesmo cientista batizou a espécie, mas sem publicar seu trabalho oficialmente.
Em uma revisão de coleções antigas, pesquisadores americanos e ingleses se depararam com o material de Charig e tiveram uma grande surpresa: algumas características indicam que ele pertencia ao grupo dos dinossauros! Eles tomaram, então, as providências necessárias para que o animal fosse devidamente reconhecido pela comunidade científica.
Os fósseis do N. parringtoni encontrados no museu em Londres incluem apenas um osso do braço – o úmero – e seis vértebras, sendo três da bacia do animal. É um material escasso, mas revela algumas pistas sobre o bicho.
No úmero, os pesquisadores encontraram duas características típicas dos dinossauros, o tamanho e a posição da crista deltopeitoral – região do osso onde se aloja parte da musculatura relacionada ao movimento do braço. Além disso, os cientistas estudaram lâminas desse osso e encontraram sinais de que o padrão de crescimento do Nyasasaurus era semelhante ao de outros dinossauros.
A conclusão, porém, não é definitiva. Outra característica do fóssil – a presença de três vértebras na região da bacia – não era exclusiva dos dinossauros, e estava presente em espécies que vieram antes dos grandes e famosos répteis pré-históricos. E agora? O Nyasasaurus era um dinossauro ou não?
Vai ser difícil tirar a dúvida, já que há tão poucos registros fósseis do animal. Mas, caso a espécie seja mesmo um dinossauro, a descoberta indica que esses animais surgiram na Terra 15 milhões de anos antes do que pensávamos – lá pelo período Triássico Médio (entre 245 milhões e 237 milhões de anos atrás). Vamos torcer para que novos achados resolvam essa questão!