O olfato e o paladar fazem parte dos nossos sentidos, assim com a audição, a visão e o tato. Mas esses dois sentidos nos informam sobre a natureza química que nos cerca. As informações recolhidas pelo nosso nariz e boca seguem para o cérebro, onde são interpretadas. Apesar do paladar ser um pouco mais desenvolvido que o olfato, eles estão intimamente ligados.
Olfato
Os cheiros das flores, dos perfumes e até mesmo de um bolo de chocolate só podem ser percebidos por causa do nosso nariz e do cérebro. O sentido responsável pela percepção dos odores é chamado olfato. Ele depende sobretudo da interação físico-química entre as moléculas presentes dissolvidas no ar que inspiramos e certos receptores que ficam dentro de uma pequena área do nosso nariz.
Esses receptores, quando estimulados, utilizam um processo chamado de transdução, ou seja, transformam a informação olfatória presente no ar inspirado em mensagens que são traduzidas em uma linguagem especial (impulso nervoso), capaz de ser compreendida pelo cérebro. Essas mensagens percorrem uma espécie de estrada formada por fibras nervosas, os axônios. No final dessa estrada estão as regiões do cérebro relacionadas com a sensação olfatória, onde as mensagens são processadas e interpretadas.
Que cheiro é esse?
A maioria das moléculas sentidas através do olfato, e que são chamadas odoríferas, é formada por compostos vegetais (frutos e flores), outros compostos resultantes do apodrecimento animal e vegetal, ou os produzidos por certas glândulas de animais, que servem como uma espécie de sinalizador. Através dos cheiros os bichos podem reconhecer e localizar alimentos, fugir de animais predadores e encontrar parceiros para o acasalamento. Nessa hora, os animais liberam uma secreção com algumas substâncias que atraem o parceiro, como os feromônios, por exemplo.
Mas nem todos os animais sentem os cheiros da mesma maneira. Os que possuem um sistema olfatório extremamente desenvolvido são chamados de hipermacrosmáticos, como, por exemplo, o ornitorrinco, o gambá, o canguru e o coala. O porco também tem um excelente olfato, embora menor que o grupo anterior. Ele e todos os animais carnívoros e ungulados (mamíferos cujos dedos têm cascos) são considerados macrosmáticos.
O sistema olfatório dos humanos e dos primatas é pouco desenvolvido, ou seja, nós e os macacos somos microsmáticos. Existem também alguns animais que não possuem esse sistema, como o boto e a toninha, que são anosmáticos.
Vários pesquisadores tentaram classificar os odores como fazem com o paladar. Os odores primários seriam: canforáceo, almiscarado, floral, mentolado, etéreo, pungente e pútrido. Mas como há um número elevado de moléculas odoríferas e como o homem não tem um sistema olfatório bem desenvolvido, ficou difícil separar alguns tipos de cheiros bem próximos.
Diversos odores são utilizados pela indústria de cosméticos para o preparo de perfumes, cremes e xampus. Eles são produzidos a partir de associações de moléculas odoríferas em concentrações diferentes.
Se para a gente é difícil identificar os odores, para os cachorros essa é uma tarefa bem simples. O pastor alemão, por exemplo, tem cerca 2 bilhões de receptores olfatórios. Nós temos aproximadamente 40 milhões. Por isso, os pastores costumam ajudar os policias na localização de pessoas desaparecidas e no rastreamento de drogas ilícitas em aeroportos internacionais.
Um teste para o nariz
Apesar de não termos um excelente olfato, podemos testá-lo com algumas substâncias simples e conhecidas, como o tabaco e o café. Eles devem ser colocados em dois recipientes pequenos e escuros (para não serem vistos). Depois disso, pede-se que uma pessoa cheire um recipiente de cada vez e alternando as narinas. Mas vale lembrar que não devemos utilizar substâncias que irritem a mucosa nasal, como, por exemplo, a amônia.
Existem doenças que podem levar à perda da sensação olfatória. Por isso, os testes realizados pelos médicos são muito detalhados e precisos. Algumas doenças podem lesar a própria mucosa e os receptores olfatórios; outras podem lesar as vias que projetam a sensação olfatória para o cérebro. Há também as que causam alucinações olfatórias, ou seja, uma pessoa sente certos odores, apesar de não estar na presença de qualquer molécula odorífera correspondente.