Parabéns, Brasília!

Qual a capital do Brasil? Brasília! Ah, quem não sabe a resposta dessa pergunta, não é? Mas há detalhes na história dessa cidade que muita gente por aí não conhece…

Você, por exemplo, poderia imaginar que ela foi construída em apenas quatros anos? Sabia que foram principalmente trabalhadores vindos do nordeste, cheios de sonhos, que a colocaram de pé? Ou que Brasília foi feita para ser uma cidade diferente de qualquer outra?

Entre os anos de 1958 e 1959, o Congresso Nacional ainda estava em construção (foto: Arquivo Público do Distrito Federal).

Então, está na hora de descobrir isso e muito mais. Afinal, em 2010, a atual capital federal comemora um aniversário muito importante: o dos seus 50 anos!

Rumo ao oeste

Vinte e um de abril de 1960. Há exatos 50 anos, o então presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek de Oliveira, inaugurava a atual capital do nosso país: Brasília.

Cidade planejada, que nasceu primeiro na imaginação e nas pranchetas dos arquitetos, Brasília foi erguida para substituir o Rio de Janeiro como sede do poder brasileiro.

“O projeto de transferir a capital do Brasil para o centro do país é antigo. Ele remonta à época da colônia e do império e também está presente na primeira constituição da República, de 1891. Apesar disso, apenas começou a ser posto em prática em 1956”, conta o historiador Bernardo Buarque de Holanda, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil da Fundação Getúlio Vargas (CPDOC-FGV).

O presidente Juscelino Kubitschek ao lado do seu vice, João Goulart, no dia de inauguração de Brasília (foto: F. Fadul/Arquivo Público do Distrito Federal).

Nesse sentido, a escolha da região centro-oeste para sediar a nova capital federal não foi fruto do acaso.

“A ideia, defendida principalmente por parlamentares mineiros, era fazer a nova capital em um lugar central para unir o Brasil”, explica a socióloga Helena Bomeny, do CPDOC-FGV e da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Planejada, mas não pioneira
Brasília não foi a primeira cidade planejada erguida no país, mas a terceira. Cidades planejadas começaram a ser pensadas em 1897, com Belo Horizonte, e, em 1940, com Goiânia.

Sonhos em uma capital sem igual

Assim sendo, não foi Juscelino Kubitschek quem teve a ideia de construir uma capital para o Brasil no centro do país. No entanto, para colocá-la de pé ainda em seu mandato, foi preciso correr.

“Operários, vindos principalmente do nordeste, trabalhavam incessantemente em três turnos. Ou seja, durante as 24 horas do dia, havia sempre turmas de trabalhadores a postos no canteiro de obras”, explica Helena Bomeny. “Essas pessoas vinham trabalhar em Brasília com a esperança de reconstruir a vida. Nos quatro anos da obra, viveram em condições precárias, mas não tiveram lugar na cidade quando ela ficou pronta. Sem poder arcar com o valor dos imóveis na capital federal, foram para a periferia.”

Operários que trabalharam nas obras da Esplanada dos Ministérios durante a construção de Brasília (foto: Arquivo Público do Distrito Federal)

Engana-se, porém, quem pensa que esses operários ajudaram a construir apenas uma cidade. Na verdade, eles ergueram um símbolo do nosso país ao transformar em realidade a capital federal projetada pelo arquiteto Lúcio Costa, com edificações criadas por Oscar Niemeyer. Uma capital que surgiu para ser diferente de qualquer outra e que exigiu um grande investimento para ser construída. “Brasília representa o Brasil potência, um país capaz de ocupar seu território continental e também capaz de ingressar no mundo moderno”, conta a historiadora Marly Motta, do CPDOC-FGV.

Cidade do século 20
O projeto de Lúcio Costa para a cidade de Brasília foi escolhido por meio de um concurso público. Moderno, ele foi definido como um “projeto do século 20: novo, livre e aberto” por um dos integrantes do júri responsável por escolher o trabalho vencedor. Lúcio Costa pensou a capital com o formato de um avião. Entre outras características, a cidade seria cortada por duas vias expressas principais e dividida em setores dedicados a atividades específicas (setor hoteleiro, bancário, comercial etc.). Além disso, a principal área residencial seria organizada em grandes quarteirões (as superquadras), onde se encontravam prédios de apartamentos erguidos sobre colunas chamadas pilotis.