Você deve conhecer a história de João e o pé de feijão: as aventuras de um menino que plantou sementes desse cereal e viu brotar da terra uma planta tão alta que o levou até às nuvens, onde ficava o castelo de um gigante malvado. Mas será que conhece a história de Marcos e o pé de feijão? Não? Pudera!
Ela ainda não ganhou o papel, pois começou há poucos dias, com a chegada do astronauta brasileiro Marcos César Pontes à Estação Espacial Internacional (ISS). Como o João da ficção, Marcos também plantou sementes de feijão. Só que no espaço! Esse é um dos oito experimentos que o brasileiro levou da Terra para a ISS. Na condução desse trabalho, porém, o astronauta não está sozinho. Daqui do planeta azul, ele tem como colaboradores, nesta e em outra pesquisa, crianças e jovens!
Alunos de quatro escolas municipais da cidade de São José dos Campos, no interior de São Paulo, conduzem, aqui na Terra, dois experimentos que o astronauta brasileiro também realiza no espaço. O intuito é comparar os resultados para notar como a falta de gravidade afeta, por exemplo, o crescimento das plantas. Tanto é que um dos experimentos com certeza você conhece: o astronauta brasileiro e seus ajudantes na Terra colocaram sementes de feijão para germinar em diferentes condições de luminosidade e de disponibilidade de água.
“Mandamos para a Estação Espacial Internacional 20 sementes, divididas em quatro pacotes. Dois pacotes têm 2,5 milímetros de água, dois têm quatro milímetros de água e um de cada foi colocado no claro e outro no escuro”, explica Elisa Saeta, coordenadora de ciência da Secretária Municipal de Educação de São José dos Campos. “Na Terra sabemos que a tendência da raiz das plantas é crescer em direção ao solo por conta da gravidade. No espaço, onde não há gravidade, a questão que estamos investigando é: para onde as raízes irão crescer?”
Os estudantes apostam no sucesso do experimento e já imaginam que tipo de resultados ele terá. “Estou torcendo para que as sementes que estão no espaço diferenciem bastante das que estão na Terra, talvez a partir disso possam surgir novos tipos de estudos”, conta Lucas Alves Ferreira, que cursa a 8º série na Escola Municipal Lúcia Pereira Rodrigues. “Estamos trabalhando com hipóteses, imaginando o que pode acontecer”, explica, por sua vez, Diego William Ferreira, também de 14 anos, aluno da 8º série da Escola Municipal Jacyra Vieira Baracho. “Acredito que irá haver alguma diferença entre os experimentos da Terra e os do espaço. Pode até ser pouca diferença, mas vai haver. Ou, então, até bastante: talvez o caule cresça para baixo e a raiz para cima.”
Seja como for, os dois – junto com seus colegas de escola – têm muito trabalho durante esta semana. Não só com as sementes de feijão, mas também com outro experimento, que envolve a clorofila, a substância que dá a cor verde às plantas. “Embora a gente não possa perceber, nas folhas das plantas, que parecem verdes, há outros pigmentos, que têm cor amarelada. No experimento chamado cromatografia da clorofila, esses pigmentos são separados. Podemos vê-los em um papel formando diferentes bandas coloridas: algumas esverdeadas, outras amareladas”, explica Elisa Saeta.
O astronauta Marcos César Pontes já fotografou os resultados do experimento no espaço, feito com folhas de couve. Agora falta comparar com os da Terra. Um trabalho que os estudantes de São José dos Campos vão realizar com muito prazer. Afinal, eles não só estão preparados, como muito animados. “É muito especial algo desse tipo acontecer no Brasil, em São José dos Campos, em quatro escolas e justamente com a gente”, explica Diego.
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Diário de bordo do astronauta brasileiro!