Aposto que você já fez um barquinho de papel – é simples e muito divertido. Construir barcos especiais para ajudar na pesquisa científica pode não ser tão fácil, mas com certeza é uma atividade empolgante. Estudar os melhores materiais, a disposição dos equipamentos, a maneira de navegar… Atualmente, duas equipes brasileiras estão se dedicando a atividades assim. Vamos conhecer esses trabalhos?
Na Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisadores estão construindo um veleiro de alumínio, material que deixa o veículo leve, rápido e resistente. Apelidado de ECO – uma sigla para Expedição Científica Oceanográfica –, o barco poderá navegar tanto no oceano quanto nas águas rasas de manguezais e estuários.
O segredo está na sua quilha retrátil, uma estrutura que fica embaixo do veleiro. Ela ajuda a dar estabilidade ao barco em mar aberto e com vento forte, mas, para navegar em águas mais rasas, pode ser recolhida.
Segundo o engenheiro Jair Carlos Dutra, um dos coordenadores do projeto, o barco terá motor elétrico e baterias carregadas por energia solar e eólica, além de aproveitar a energia gerada pelo movimento do próprio veleiro na água. Ainda em fase de construção, o ECO deve ficar pronto em 2014.
Viagem marcada
Já o barco que está sendo preparado pela Universidade de São Paulo, o Alpha Delphini, deve inaugurar suas atividades ainda em junho deste ano. Ele vai navegar pelo litoral de Pernambuco analisando as taxas de carbono presentes nas águas dali.
A embarcação, construída no Ceará, tem 26 metros de comprimento e é feita de aço e alumínio, com tratamento especial contra oxidação – um problema comum nos barcos, que ficam em contato com a água o tempo todo. O Alpha Delphini será movido por dois motores a óleo diesel, que garantirão boa velocidade.
“Esse barco vai atuar em pesquisas na plataforma continental brasileira, uma região que começa na linha da costa e vai até o ponto onde o oceano atinge 200 metros de profundidade”, explica o geólogo Michel de Mahiques. A ideia dos pesquisadores é de que, quando o barco não estiver em fase de pesquisas, permaneça aberto para visitação pública no porto de Santos, em São Paulo.
Tanto o Alpha Delphini quanto o ECO têm capacidade para carregar cerca de dez pesquisadores e são os primeiros barcos para pesquisas oceânicas elaborados e construídos no Brasil.