Pesquisa em alto mar

Aposto que você já fez um barquinho de papel – é simples e muito divertido. Construir barcos especiais para ajudar na pesquisa científica pode não ser tão fácil, mas com certeza é uma atividade empolgante. Estudar os melhores materiais, a disposição dos equipamentos, a maneira de navegar… Atualmente, duas equipes brasileiras estão se dedicando a atividades assim. Vamos conhecer esses trabalhos?

No ECO, o alumínio combina resistência e leveza, deixando o barco mais veloz e com menos problemas de oxidação do que um barco de aço (Foto: Divulgação)

No ECO, o alumínio combina resistência e leveza, deixando o barco mais veloz e com menos problemas de oxidação do que um barco de aço (Foto: Divulgação)

Na Universidade Federal de Santa Catarina, pesquisadores estão construindo um veleiro de alumínio, material que deixa o veículo leve, rápido e resistente. Apelidado de ECO – uma sigla para Expedição Científica Oceanográfica –, o barco poderá navegar tanto no oceano quanto nas águas rasas de manguezais e estuários.

A quilha é um elemento da construção do navio que vai da proa até a popa, na parte do barco que fica submersa. Embora seja útil para dar estabilidade ao barco para navegar em mar aberto, a quilha o impede de entrar em águas rasas. Para resolver esse problema, o veleiro ECO tem uma quilha retrátil (Foto: Wikimedia Commons / Paul Schultz / CC BY 2.0)

A quilha é um elemento da construção do navio que vai da proa até a popa, na parte do barco que fica submersa. Embora seja útil para dar estabilidade ao barco para navegar em mar aberto, a quilha o impede de entrar em águas rasas (Foto: Wikimedia Commons / Paul Schultz / CC BY 2.0)

O segredo está na sua quilha retrátil, uma estrutura que fica embaixo do veleiro. Ela ajuda a dar estabilidade ao barco em mar aberto e com vento forte, mas, para navegar em águas mais rasas, pode ser recolhida.

Segundo o engenheiro Jair Carlos Dutra, um dos coordenadores do projeto, o barco terá motor elétrico e baterias carregadas por energia solar e eólica, além de aproveitar a energia gerada pelo movimento do próprio veleiro na água. Ainda em fase de construção, o ECO deve ficar pronto em 2014.

Viagem marcada

Já o barco que está sendo preparado pela Universidade de São Paulo, o Alpha Delphini, deve inaugurar suas atividades ainda em junho deste ano. Ele vai navegar pelo litoral de Pernambuco analisando as taxas de carbono presentes nas águas dali.

A embarcação, construída no Ceará, tem 26 metros de comprimento e é feita de aço e alumínio, com tratamento especial contra oxidação – um problema comum nos barcos, que ficam em contato com a água o tempo todo. O Alpha Delphini será movido por dois motores a óleo diesel, que garantirão boa velocidade.

“Esse barco vai atuar em pesquisas na plataforma continental brasileira, uma região que começa na linha da costa e vai até o ponto onde o oceano atinge 200 metros de profundidade”, explica o geólogo Michel de Mahiques. A ideia dos pesquisadores é de que, quando o barco não estiver em fase de pesquisas, permaneça aberto para visitação pública no porto de Santos, em São Paulo.

O barco Alpha Delphini está passando por ajustes finais e espera o treinamento da tripulação para poder fazer sua primeira expedição (Foto: Divulgação)

O barco Alpha Delphini está passando por ajustes finais e espera o treinamento da tripulação para poder fazer sua primeira expedição (Foto: Divulgação)

Tanto o Alpha Delphini quanto o ECO têm capacidade para carregar cerca de dez pesquisadores e são os primeiros barcos para pesquisas oceânicas elaborados e construídos no Brasil.