Estimar a quantidade de representantes de algumas espécies animais pode ser muito difícil. Se o bicho em questão vive, por exemplo, em lugares de difícil acesso para o ser humano, a tarefa pode exigir uma mãozinha da tecnologia.
Recentemente, pesquisadores usaram imagens de satélite para calcular a quantidade de pinguins-imperadores (Aptenodytes fosteri) na Antártica. Os resultados trouxeram boas novas: os cientistas descobriram que a população desses animais por lá é, na verdade, duas vezes maior do que se pensava.
A Antártica é uma região de difícil acesso para os pesquisadores, já que as temperaturas podem chegar a 50 graus negativos. Então, você pode imaginar que contar os pinguins era uma tarefa bem difícil, pois requeria ir até as colônias e contá-los pessoalmente.
“Imagine, num frio daqueles, contar 10 mil aves idênticas e que não param de se mexer”, lembra o geógrafo Peter Fretwell, do centro de pesquisas British Antarctic Survey. Outra opção seria usar aviões ou helicópteros – uma alternativa cara e que incomodava os pinguins.
Já a pesquisa mais recente não deixou ninguém tremendo de frio. Para contar os pinguins, os pesquisadores usaram imagens de resolução muito alta fornecida por satélites. Ainda assim, foi preciso usar técnicas para aumentar ainda mais a resolução das imagens, de modo que fosse possível diferenciar os pássaros de outros elementos da paisagem – como gelo, sombras e até cocô de pinguim!
No final, o que se via nas imagens eram manchas escuras, e os cientistas usaram cálculos matemáticos para determinar a quantos animais correspondia cada mancha. Com a nova técnica, os pesquisadores estimaram uma população de 595 mil pinguins-imperadores adultos.
A contagem foi possível porque a plumagem escura dos pinguins se destaca na neve, o que deixava as colônias bem visíveis nas imagens, mesmo feitas de uma distância tão grande. Porém, o novo método não é capaz de detectar colônias muito pequenas.
Segundo Peter, é possível que essa nova técnica possa ser usada em outros locais e para contar outras espécies de bichos. “Ela pode servir para outros animais grandes e que contrastem bem com o ambiente em que vivem”, explica.