Pintura nos tempos das cavernas

Às vezes a ciência parece uma corrida. Há sempre pesquisadores anunciando novas descobertas, e, com frequência, um novo achado modifica o que pensávamos sobre uma pesquisa mais antiga. Quer um exemplo? Há pouco tempo, a CHC falou sobre a descoberta de desenhos feitos em uma caverna francesa há 37 mil anos. Elas pareciam ser as obras de arte mais antigas da história, mas acabam de perder o posto para imagens que datam de quase 41 mil anos atrás.

As imagens foram encontradas na parede da caverna de El Castillo, na comunidade de Cantábria, no noroeste da Espanha (Foto: Pedro Saura)

A obra prima foi feita na parede da caverna de El Castillo, na comunidade de Cantábria, no noroeste da Espanha. Segundo Alistair Pike, arqueólogo da Universidade de Bristol e autor do estudo, os desenhos foram feitos com pigmentos vermelhos jogados ao redor das mãos de pessoas que viviam no local.

Para descobrir de quando datam as imagens, o cientista analisou a quantidade de urânio presente em um mineral chamado calcita que se espalhou sobre as figuras ao longo do tempo. “Muitos desenhos pré-históricos têm sua idade estimada através da análise do carbono, mas alguns fungos e bactérias consomem esse elemento químico e o período em que as pinturas foram feitas acaba sendo subestimado”, conta Alistair. A partir da datação por carbono (saiba mais aqui), a idade das imagens encontradas nas cavernas espanholas equivale a 25 mil anos, enquanto o estudo do urânio determinou que os mesmos desenhos foram feitos há mais de 40 mil anos – uma diferença bem grande.

Os desenhos foram feitos com pigmentos vermelhos jogados ao redor das mãos de pessoas que viviam no local (Foto: Pedro Saura)

O próximo passo da pesquisa é tentar descobrir quem foram os autores das pinturas. “Eles podem ter sido feitos tanto pelo Homo sapiens neandertalensis, espécie de hominídeos já extinta, quando por ancestrais do Homo sapiens sapiens, que é a nossa espécie”, revela Alistair. Vamos ficar atentos às próximas novidades!