Quantos planetas existem no Sistema Solar?

A ilustração mostra uma representação artística do 2003 UB313, ou seja, ela mostra como os cientistas imaginam que seja esse novo astro (arte: Nasa/JPL-Caltech).

Se há uma pergunta que todo mundo gostaria de algum dia encontrar na prova de ciências é a que dá título a esse texto. Afinal, vai dizer que você não tem na ponta da língua a resposta? Existem nove planetas no Sistema Solar: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano, Netuno, Plutão. Somos apresentados a cada um deles na escola, pelos livros e professores, e dificilmente os esquecemos.

No dia 29 de julho, no entanto, foi anunciada a descoberta de um astro a mais de 14 bilhões de quilômetros do Sol. Para os três cientistas que o encontraram, ele é o décimo planeta do Sistema Solar. Mas antes que você corra para adicionar o nome provisório do novo corpo celeste – 2003 UB313 – à lista dos nove planetas conhecidos, é bom saber que a notícia não foi bem recebida pela maioria dos pesquisadores dedicados ao estudo do Sistema Solar. Sabe por quê?

Grande parte desses estudiosos pensa que Plutão, que conhecemos como o nono e último planeta do Sistema Solar, não deveria ser considerado um planeta, por ser muito diferente dos outros oito que existem. “Plutão é muito menor do que os demais planetas e apresenta características que nenhum outro tem”, explica Daniela Lazzaro, do Observatório Nacional. “É o único que cruza a órbita de um outro planeta – no caso, Netuno – e que possui um satélite que tem quase o seu próprio tamanho.”

O recém-descoberto 2003 UB313 tem diversas características em comum com Plutão, sendo também muito diferente dos outros planetas existentes. Tanto Plutão como o 2003 UB313 são feitos de gelo e rocha, enquanto Mercúrio, Vênus, Terra e Marte são formados por rochas e Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, por gases. Além disso, ambos apresentam órbitas excêntricas, isto é, inclinadas em relação às dos demais, que têm órbitas circulares. Por fim, como Plutão, o 2003 UB313 está localizado no chamado Cinturão de Kuiper, uma área muito afastada do Sol repleta de pequenos corpos de gelo que estão em órbita do astro-rei.

Por conta de todas essas características, na visão de grande parte dos cientistas que estudam o assunto, o 2003 UB313 não poderia ser definido como um planeta, mas apenas como mais um corpo celeste encontrado no Cinturão de Kuiper – e o maior até o momento, já que há indícios de que ele supera Plutão em tamanho e tem entre 2.210 e 3.550 quilômetros de diâmetro.

Mike Brown, um dos três pesquisadores que descobriram o astro, no entanto, argumenta que o fato de as pessoas reconhecerem Plutão como um planeta permite que o 2003 UB313 também seja classificado assim, já que se trata do maior objeto encontrado em órbita do Sol desde a descoberta de Netuno e da sua lua Tritão em 1846 e maior até do que o próprio Plutão.

No momento, a União Astronômica Internacional está analisando o nome definitivo que Mike e seus companheiros de pesquisa sugeriram para o novo astro, já que 2003 UB313 é apenas um nome temporário, dado com base na data em que ele foi visto pela primeira vez: 31 de outubro de 2003. Só depois de ser aprovado pela entidade, o nome poderá ser divulgado. Outra tarefa que está a cargo da União Astronômica Internacional é criar uma definição para a palavra planeta. Por incrível que pareça, não existe algo desse tipo, que indique quais características um corpo celeste precisa ter para ser classificado assim. E sem uma definição do que é um planeta, vamos assistir ainda a muitas discussões sobre o número de corpos celestes desse tipo que existem no Sistema Solar.

ATUALIZAÇÃO: Em 2010, a União Astronômica Internacional decidiu que Plutão não é mais um planeta, e sim um planeta anão. Confira o texto da CHC Online sobre o tema.