Que fim dos maias que nada!

Você já deu uma olhada na reportagem de capa da CHC 236? Ela fala sobre os rumores do fim do mundo em 2012 – uma suposta previsão feita pelo povo maia, cuja origem remonta aos anos 2.000 a 1.500 na nossa era. Essa civilização, que vivia no México e na América Central, adorava estudar o tempo e desenvolveu vários calendários.

Chichén Itzá é um dos mais famosos sítios arqueológicos maias do México (Foto: Catarina Chagas)

Atualmente, porém, tem muita gente que pensa que os maias sumiram do mapa. Nada disso! Seus descendentes vivem integrados à civilização mexicana e centro-americana em regiões como a Península de Yucatán e os estados de Tabasco e Chiapas, no México, a Guatemala e parte de Honduras e El Salvador. Essa ideia de um sumiço misterioso surgiu pelo fato de que os maias abandonaram muitas de suas cidades, há mais de mil anos.

Há muitos séculos, para manter uma cidade com uma população de mais de 20 mil habitantes, os maias desmatavam áreas naturais tanto para a construção de pirâmides como para a alimentação de toda essa gente. Quando os recursos (os alimentos, por exemplo) ficaram mais escassos, os povoados começaram a declarar guerras com outras cidades para, se ganhassem, exigirem delas pagamento de um imposto e assim manter seu estilo de vida.

Com o passar do tempo, esse sistema se tornou insustentável, e algumas cidades não puderam se manter. Muitos maias se espalharam pelas florestas para fugir das guerras e buscar sustento. Com o abandono das cidades, os sítios arqueológicos que hoje atribuímos aos maias eram visitados apenas como lugares sagrados, mas não para viver ali.

Depois do século 11, o comércio começou a substituir as guerras como principal atividade entre os maias. Foi aí que se diminuiu a construção de enormes pirâmides e os principais povoados passaram a ser na costa. Você já deve desconfiar do por quê: o comércio marítimo facilitava o transporte de mercadorias de um lugar para outro.

Com a chegada dos espanhóis à América, no final do século 15, os maias foram submetidos ao domínio dos conquistadores. Muitos aceitaram as novas regras do jogo, incluindo a nova religião trazida pelos colonizadores – que, claro, foi adaptada e misturada com as antigas crenças maias. Outros, porém, fugiram para as selvas e foram perseguidos. Mas não se engane: o povo maia resiste e continua se adaptando às novas necessidades do mundo. Seus descendentes são a sequência do que eles mais admiravam: o tempo!

Elisa Martins Moreira