Um dia você acorda com dores no corpo, tosse e febre. É provável que seus pais decidam levá-lo ao médico para saber o que está acontecendo e como tratar. Do consultório, podem partir direto para a farmácia, para comprar o remédio indicado.
Saiba que com as abelhas acontece algo bastante parecido. É claro que os sintomas (e as próprias doenças) são diferentes, mas esses insetos também recorrem a um tratamento. Quando a colmeia é infectada pelo fungo Ascophaera apis, algumas abelhas tratam de se apressar e coletar mais própolis – nome que se dá às resinas extraídas das plantas por esses insetos.
“Nós já sabíamos que o própolis podia prevenir infecções por fungos e bactérias em humanos”, conta Michael Simone-Finstrom, da Universidade do Estado da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, que conduziu a pesquisa. “Então, eu queria entender como a coleta dessas resinas podia beneficiar a saúde das abelhas”.
Geralmente, as abelhas coletam o própolis e revestem as paredes da colmeia com uma mistura de resina e cera. Quando os fungos invadem, porém, elas intensificam a busca por própolis, inclusive recrutando mais indivíduos para trabalhar na coleta.
Um detalhe interessante é que o A. apis não ataca as abelhas adultas, e sim as larvas. Assim, a história fica mais parecida ainda com a dos papais e mamães que levam seus filhos ao pediatra!
Os cientistas vão continuar observando as colmeias para descobrir como é que as abelhas se mobilizam para coletar mais própolis em caso de infecção. Uma hipótese é que as larvas afetadas por fungos exalam um cheiro diferente, que alerta as abelhas adultas. Outra possibilidade é que os próprios encarregados da coleta comecem a recrutar seus companheiros, chamando sua atenção com uma dança especial.
Outros animais também mudam seus comportamentos para combater doenças. Alguns primatas, por exemplo, passam a comer certas plantas para livrar-se de vermes. Já as abelhas não ingerem o “remédio”, mas espalham-no pela colmeia.