Réptil de três olhos

Imagine um bicho que tem três olhos, pele gelada e um monte de espinhos nas costas. Lembrou de algum monstro de filme de terror? Pois saiba que, aqui, o astro é o tuatara, um réptil que habita as ilhas da Nova Zelândia e está na natureza desde a época dos dinossauros.

Duas espécies de tuatara

Inventada pelos maori, primeiro povo a habitar a Nova Zelândia, a palavra tuatara significa dorso espinhoso. À esquerda, um exemplar de (i)Sphenodon gutheri(/i) e, à direita, um (i)Sphenodon punctatus(/i). (Fotos: Flickr / Nuytsia@Tas e Michael / CC BY-NC-AS 2.0)

O zoólogo Eduardo Bessa, da Universidade do Estado do Mato Grosso, contou à CHC que viajou até a Nova Zelândia e viu um tuatara bem de pertinho. “Foi uma experiência única sentir a pele fria e a textura das protuberâncias nas costas dele”, lembra. Ele explicou que, enquanto outros répteis ficam paradinhos quando está muito frio, o tuatara continua ativo e caçando normalmente mesmo em temperaturas bem baixas.

Outra característica curiosa do réptil é a presença de um terceiro olho que, apesar de ter todas as estruturas de um olho normal, é coberto por escamas que impedem a passagem da luz. “A função desse olho é um mistério, mas sabemos que o tuatara costuma usá-lo para diferenciar o que é claro do que é escuro”, explica o pesquisador.

Ao visitar um zoológico neozelandês, Eduardo teve a oportunidade de conhecer um tuatara pessoalmente (Foto cedida pelo pesquisador)

Quando criado em cativeiro, o tuatara pode viver mais de 70 anos e passa os dias se alimentando de insetos. Hoje, apenas duas espécies passeiam pelas ilhas neozelandesas, mas Eduardo conta que havia muitos tipos diferentes há 200 milhões de anos: “Quase todas as espécies desapareçam junto com os dinossauros, restando apenas o Sphenodon punctatus e o Sphenodon gutheri”.

Das duas espécies, o Sphenodon gutheri é o mais ameaçado, pois foi reconhecido como uma nova espécie de tuatara há pouco tempo e as regiões onde vivia não eram preservadas até então. Segundo o zoólogo, existem apenas 300 exemplares da espécie e, se não houver cuidado, ela pode ser extinta. “É muito importante conhecer bem as características físicas do animal para evitar que ele fique desprotegido”, alerta.