Se alguma vez você já ficou de cabeça para baixo sabe que, nessa posição, é muito mais difícil respirar, já que seus órgãos pressionam os pulmões. Agora imagine como seria passar quase todo o tempo pendurado de cabeça para baixo em uma árvore? Pois essa é a vida da preguiça. Mas será que tal hábito faz com que esse mamífero respire com dificuldade? Aparentemente, não.
Pesquisadores do Reino Unido e da Costa Rica mostraram que as preguiças possuem uma espécie de membrana que prende seus órgãos nas costelas – principalmente o estômago, que pode chegar a um terço do peso do animal –, impedindo que pressionem os pulmões.
Segundo a zoóloga Rebecca Cliffe, do Santuário das Preguiças, na Costa Rica, essas membranas permitem que a preguiça respire de cabeça para baixo da mesma forma que o faria se estivesse de cabeça para cima. E estar de ponta cabeça é muito importante para esse animal, já que confere a ele uma economia de 13% de energia.
“Pode parecer pouco, mas economizar essa quantidade de energia para uma preguiça é bastante”, explica a pesquisadora. “Esse mamífero tem um metabolismo muito lento e precisa guardar o máximo de energia para sobreviver, já que, muitas vezes, leva um mês para digerir uma única folha”.
Corpo adaptado
Rebecca adiciona que o corpo da preguiça tem outras adaptações para ficar de cabeça para baixo a maior parte do tempo. “As membranas são apenas uma das adaptações, pois todos os seus órgãos internos são especializados. O estômago, por exemplo, tem uma válvula especial que impede que a comida retorne”, conta a zoóloga. “Elas também são capazes de engolir facilmente a comida mesmo quando estão de cabeça para baixo.”
Além de economizar energia, ficar de ponta-cabeça permite que as preguiças alcancem as folhas mais jovens que ficam nas pontas dos galhos das árvores. “Essas folhas são essenciais para a dieta das preguiças, pois são facilmente digeridas”, completa Rebecca.