Revoada de descobertas

Ninguém duvida que a Amazônia seja um local com grande biodiversidade: vira e mexe uma nova espécie é descoberta na região. Mas até os especialistas se surpreenderam com o anúncio de 15 novas espécies de aves do bioma. Desde o século 19 não se anunciava, na Amazônia, tantas descobertas de uma só vez!

Os campos amazônicos são o lar do cancão-da-campina e outras novas espécies (Foto: Mario Cohn-Haft)

Os campos amazônicos são o lar do cancão-da-campina e outras novas espécies (Foto: Mario Cohn-Haft)

Elas estão reunidas em um livro que deve chegar às prateleiras no mês de julho. Agora, você sabe por que todas essas aves permaneciam desconhecidas até agora?

O cancão-da-campina é uma ave que, apesar de ser grande e barulhenta, só foi descoberta recentemente. Ele vive em regiões remotas da Amazônia, antes inacessíveis, e já é considerado ameaçado de extinção (Foto: Luciano Lima)

O cancão-da-campina é uma ave que, apesar de ser grande e barulhenta, só foi descoberta recentemente. Ele vive em regiões remotas da Amazônia, antes inacessíveis, e já é considerado ameaçado de extinção (Foto: Luciano Lima)

Há diversas razões para isso, e uma delas é a dificuldade de locomoção no interior da floresta. Hoje, com meios de transporte melhores, os pesquisadores conseguem chegar a locais antes inalcançáveis, como o habitat da gralha cancão-da-campina.

“Essa ave grande, bonita e barulhenta só passou batida ao longo dos séculos de pesquisa por que ocorre em uma região muito restrita e remota”, explica o zoólogo Mario Cohn-Haft, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia.

A tecnologia é outra aliada das descobertas. “Com imagens de satélite, é possível viajar pela Terra do seu sofá, procurando lugares que pareçam especialmente interessantes. Isso ajuda a direcionar a busca por novas espécies”, conta o pesquisador.

Além disso, alguns avanços na ciência facilitam a identificação de bichos e plantas para além do que conseguimos observar a olho nu. “Ferramentas como a bioacústica (análise de sons e vozes dos pássaros) e a genética ajudam a perceber diferenças entre animais que visualmente parecem iguais”, diz Mario.

A melhoria nos transportes ajuda os cientistas a chegarem a locais distantes e que podem ser lar de espécies ainda desconhecidas.  Sem helicóptero, algumas áreas continuariam quase inacessíveis (Foto: Eduardo Wiensk)

A melhoria nos transportes ajuda os cientistas a chegarem a locais distantes e que podem ser lar de espécies ainda desconhecidas. Sem helicóptero, algumas áreas continuariam quase inacessíveis (Foto: Eduardo Wiensk)

Todas essas descobertas mostram que ainda há muito para se conhecer da Amazônia. “Sabemos que é o lugar mais rico em biodiversidade do mundo”, afirma Mario. “Mas ainda temos muita coisa para encontrar!”