Robô pinguim

Imagine como seria estar infiltrado no meio de uma colônia de pinguins. Demais, não é? Pois saiba que é isso que faz um robô criado pelo ecofisiologista Yvon Le Maho, da Universidade de Estrasburgo, na França. Disfarçado de pinguim, o papel do robô é monitorar um grupo pinguins-imperadores em Terra Adélia, uma região da Antártica.

Os robôs disfarçados de pinguins eram responsáveis por monitorar um grupo de pinguins-imperadores. (foto: Fred Olivier / John Downer Productions; Institut Pluridisciplinaire Hubert Curien CNRS-Université de Strasbourg)

Os robôs disfarçados de pinguins eram responsáveis por monitorar um grupo de pinguins-imperadores. (foto: Fred Olivier / John Downer Productions)

A ideia de criar o robô surgiu em 2011, quando Yvon identificou que a técnica usada pelos cientistas para monitorar os pinguins estava prejudicando esses animais. O método consiste em um anel de alumínio com números que identificam a ave. “Nós detectamos que, ao longo de 10 anos, esse método leva a uma queda de 40% da reprodução deles e de 16% de sua sobrevivência, já que o anel atrapalha a locomoção do animal na água”, explica.

Junto com outros cientistas, ele decidiu criar etiquetas eletrônicas bem pequenas e muito leves que podem ser implantadas sob a pele da ave, sem atrapalhar seu dia a dia. Eficientes, essas etiquetas emitem freqüências captadas por um aparelho que permite que o pesquisador identifique onde está cada pinguim.

O dispositivo funciona bem, mas, para que o aparelho localize as etiquetas eletrônicas – e, logo, os pinguins –, é preciso estar a menos de 40 centímetros do animal. Com isso, é necessário que o pesquisador fique muito perto da ave, o que a deixa estressada e faz seu coração bater bem rápido.

Para resolver o problema, a equipe criou o robô pinguim. Dirigido por controle remoto, ele é capaz de se aproximar dos pinguins e detectar as etiquetas eletrônicas que estão embaixo da pele deles, permitindo que os cientistas façam o monitoramento à distância. “Percebemos que, quando estão perto do robô, o coração dos pinguins bate normalmente, mostrando que não estão estressados”, diz o pesquisador.

Mas por que é preciso fantasiar o robô de pinguim? Yvon conta que, quando eles tentaram aproximar dos animais um robô sem roupa de pinguim, as aves saíam de perto e não era possível fazer o monitoramento. “Os pinguins-imperadores costumam ficar muito próximos uns dos outros a fim de se aquecer e, quando viram o robô camuflado, deixaram que ele se aproximasse também e até emitiram sons”, lembra.

Uma amizade e tanto, não é mesmo? Se você ficou curioso para saber mais, confira o vídeo a seguir: