Cerca de trinta golfinhos nadavam em direção à praia. Os turistas, encantados, pararam para olhar – que espetáculo! A admiração, no entanto, deu lugar à preocupação quando os golfinhos, mais e mais perto da areia, começaram a ficar presos, sem conseguir voltar para o mar.
Talvez você já conheça essa história. Ela aconteceu no início deste mês em Arraial do Cabo, no estado do Rio de Janeiro. As cenas, impressionantes, foram divulgadas num vídeo disponível na internet. Se ainda não viu, olha só:
Como você viu, o episódio teve final feliz e, com a ajuda da população local, todos os golfinhos conseguiram voltar para a água. Mas fica a pulga na orelha: por que será que um grupo tão grande de animais se arriscou tanto nas águas rasas?
Não é a primeira vez que um grupo inteiro de golfinhos encalha, embora esses acidentes sejam raros. Segundo especialistas no assunto, porém, é difícil determinar a causa de um evento desses.
“As causas podem ser tanto naturais, como fugir de predadores, como causadas pelo homem”, explica o biólogo Salvatore Siciliano, da Fundação Oswaldo Cruz. Uma hipótese levantada foi que os golfinhos estivessem fugindo de orcas, comuns naquela região. Porém, a última vez que se observou os predadores naquela área foi dez dias antes do encalhe em massa.
Já entre as possíveis ações humanas que podem ter causado o incidente, a mais provável é um ruído. “Sonares usados por navios militares têm relação direta com encalhes de baleias-bicudas e de golfinhos”, conta Salvatore. “Um forte estampido também fazer com que os golfinhos tenham comportamento muito agitado e nadem com se estivessem atordoados”.
O ideal, então, é procurar o que pode estar causando esses ruídos e tentar reduzi-los. Afinal, ninguém gosta de morar em ambientes barulhentos, não é?
Caso aconteça de novo um encalhe em massa de golfinhos ou outras espécies, Salvatore dá a dica: “É preciso avisar imediatamente o grupo de pesquisadores que cobre aquela área. Por exemplo, na Região dos Lagos e Norte Fluminense, o Grupo de Estudos de Mamíferos Marinhos da Região dos Lagos mantém uma equipe de plantão permanente para esses eventos de encalhe”. O Corpo de Bombeiros e as Secretarias de Meio Ambiente também podem ajudar.