Você já deve ter ouvido falar que despejar na pia o óleo utilizado para cozinhar é muito prejudicial ao meio ambiente, pois pode entupir canos, causar enchentes e poluir rios. Mas, então, o que fazer com o óleo usado? Uma experiência da Universidade Federal de Viçosa (UFV) propôs uma saída: transformá-lo em sabão!
Desde 2006, a agroquímica e professora da UFV Marisa Alves Nogueira Diaz dedica uma semana por ano, na chamada Semana do Fazendeiro da UFV, a ensinar pequenos agricultores da região como fabricar sabão a partir de óleo usado, num curso chamado Sabão Rural. “Quisemos chamar a atenção das pessoas para a importância do meio ambiente e ensinar uma forma simples de reciclar”, conta ela.
Plantas super poderosas
O sucesso dos sabonetes levou a professora a ter outras ideias: muito observadora, ela percebeu que a comunidade local empregava várias espécies de plantas com propriedades medicinais no seu dia a dia e decidiu incorporar algumas delas às misturas que ensinava nas aulas.
A proposta deu tão certo que inspirou a equipe de Marisa a pesquisar uma planta aquática que contém uma substância capaz de combater certas bactérias. “Levamos a planta para o laboratório e a partir dela isolamos um composto antibacteriano que pode ajudar a prevenir doenças como a mastite bovina”, conta. “Essa doença, apesar de não ter efeitos no ser humano, pode ser transmitida pelo homem para as vacas no processo da ordenha, levando-as à morte e causando prejuízo econômico”.
Marisa explica que os pequenos agricultores em geral não têm acesso a uma higiene mais adequada antes da ordenha nos animais. “Utilizar apenas um sabonete normal não adianta contra doenças desse tipo, é preciso de um composto com ação antibacteriana”, completa.
O sabonete desenvolvido na pesquisa está agora à espera de propostas de empresas para ser vendido. Mas a pesquisadora lembra que qualquer agricultor ou dona de casa pode fazer seu próprio sabão com óleo de cozinha e plantas conhecidas por seus efeitos medicinais.
“Basta incluir na fórmula aquelas que possuam, por exemplo, ação antibacteriana, não necessariamente a que estudamos”, explica. “Essa já seria uma solução barata e simples para minimizar a contaminação, mas é preciso entender bem a ação de cada planta e ter cuidado para não escolher alguma que possa fazer mal à saúde.”