Após dias de expedição pela selva amazônica e pelo rio Negro, que cruza a região, cientistas finalmente encontraram o que tanto buscavam: um exemplar de vírus gigante. Acanthamoeba polyphaga mimivirus, apelidado de Samba, é o maior vírus já encontrado no Brasil.
Vírus – você deve ter lido na CHC 245 – causam uma grande variedade de doenças, desde gripes até dengue, e não só nos humanos, mas também nos animais, plantas e até bactérias. Eles são muito diversificados, e podem ter formatos e tamanhos completamente distintos.
Para você ter uma ideia, o vírus da dengue tem apenas 50 nanômetros de diâmetro, enquanto o Samba, um verdadeiro peso-pesado, mede 600 nanômetros de uma extremidade à outra! “É como se comparássemos o tamanho de um ser humano com o de um seismossauro, um dos maiores dinossauros que já existiram”, sugere o virologista Jônatas Abrahão, da Universidade Federal de Minas Gerais.
Geralmente, os cientistas consideram vírus gigantes aqueles com mais de 200 nanômetros de diâmetro. “O maior vírus que já observamos é o Pithovirus sibericum, que tem 1500 nanômetros”, conta o pesquisador. Mas ainda não se sabe muito sobre esses seres: os primeiros vírus gigantes foram identificados em 2003 e, até hoje, foram coletadas apenas cerca de 100 amostras deles.
Quanto ao Samba, apesar de ter sido coletado em 2011, somente agora teve sua descoberta anunciada, e ainda não se sabe que tipo de doenças pode causar. “Ainda é cedo para dizer, mas suspeitamos que ele pode causar pneumonia em seres humanos”, explica Jônatas. Seu principal hospedeiro, no entanto, são amebas, especialmente as da espécie Acanthamoeba polyphaga.
Outro fato curioso é que, de tão grandes, esses vírus podem ser infectados por outros vírus menores – neste caso específico, o Sputnik virus. Os cientistas acreditam que a interação entre o Samba, o vírus menor e a ameba pode ser muito importante para o equilíbrio do ecossistema onde eles estão presentes.
A explicação é simples: o vírus pequenino, ao infectar o Samba, evita que sua população cresça demais. O Samba, por sua vez, controla o crescimento populacional das amebas. E elas, por serem comedoras vorazes de bactérias, exercem importante papel para a manutenção do equilíbrio natural.