Sapos caem na rede

Na hora de arrumar uma namorada, sabe qual a arma secreta usada por sapos, rãs e pererecas? O coaxar! É no gogó que os machos atraem uma companhia feminina. Mas o melhor é saber que, agora, você pode vê-los em plena paquera: clique aqui e baixe o Guia de Sapos da Reserva Adolpho Ducke em seu computador.

Elaborado por pesquisadores do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), o objetivo dessa obra é permitir que todo mundo saiba um pouquinho mais sobre os sapos, rãs e pererecas encontrados na Reserva Adolpho Ducke, uma área de conservação localizada perto de Manaus, capital do Amazonas. O guia propriamente dito é um livro repleto de belas fotos e curiosas informações, que procura ensinar os leitores a identificar cada uma das espécies mencionadas. Mas o mais legal é que ele vem acompanhado por 46 vídeos, cada um mostrando o som de uma espécie diferente de anuro – como são chamados os sapos, rãs e pererecas (para ver uma amostra, clique na tela a seguir).

“Foram necessários dois anos para fazer as gravações”, conta a bióloga Albertina Lima, pesquisadora do Inpa. Uma das coordenadoras da publicação – o primeiro guias sobre sapos, rãs e pererecas da Amazônia brasileira –, ela explica que, pelo canto, dá para saber a espécie a que pertence cada animal – já que cada espécie tem um canto único. Além disso, assim como a gente reconhece pessoas pela voz, os sapos também se reconhecem entre si pelo canto, já que cada indivíduo canta do seu jeito.

Todos os vídeos do Guia de Sapos da Reserva Adolpho Ducke mostram cantos de atração de fêmea. Ou seja, cantos usados por machos de sapos, rãs e pererecas para tentar atrair uma parceira e que só são executados pelos machos. Os anuros, porém, têm vários cantos. “Há, entre outros, o canto de corte – quando o macho já atraiu uma fêmea para perto dele e quer conduzi-la ao acasalamento – e o canto de agressão, que acompanha comportamentos de ameaça ou luta”, conta Albertina Lima.

Da esquerda para a direita, veja uma rã, uma perereca e um sapo encontrados na Reserva Adolpho Ducke (fotos: Reprodução).

Seja qual for o canto, porém, o modo como ele é produzido é o mesmo: sapos, rãs e pererecas inflam os pulmões e soltam o ar. Quando ele passa pelas cordas vocais, o som é produzido. Em certas  espécies, o ar passa pelas cordas vocais e enche um saco que o animal apresenta. O anuro para de respirar e vibra o ar por alguns segundos dentro do saco. Isso faz com que o som seja emitido por igual em todas as direções, o que aumenta a probabilidade de achar uma parceira, já que o macho não sabe onde está a fêmea mais próxima.

Parece curioso? Então, que tal encerrar essa conversar sobre sapos, rãs e pererecas respondendo a uma pergunta que gera dúvida? Diga lá: qual a diferença entre esses animais? “Os sapos, em geral, têm a pele rugosa e seca, as pererecas apresentam um disco na ponta dos seus dedos para aderir às superfícies e as rãs não têm esse disco e nem a capacidade de grudar em vidros ou outras áreas”, explica Albertina Lima.