Vinícius, um menino levado que só, era sempre o líder das aventuras entre os irmãos. Criativo, cismou que queria ser poeta e começou logo a estudar poesia. Depois decidiu que não queria só escrever: começou a tocar uma notinha aqui, outra acolá, e juntando tudo, não é que deu samba?
Mesmo com o sonho de ser poeta, o menino Vinícius não podia imaginar que seria um dia o famoso Vinícius de Moraes. Não fazia ideia de como ia ser importante para o Brasil e de que uma música sua seria a segunda mais tocada em todo o planeta – “olha, que coisa mais linda, mais cheia de graça…”
Além de falar de amor em canções como Garota de Ipanema, Vinícius usava a imaginação fértil para transformar qualquer coisa em verso. Atendendo aos pedidos de seus filhos, começou a compor músicas infantis, contou à CHC Maria Gurjão de Moraes, sua filha caçula. “Minha irmã mais velha, Suzana, foi pedindo poesia para as crianças”, lembra. E o poetinha, como é carinhosamente chamado, colocou elefantes, borboletas e até marimbondos na dança!
Seus poemas infantis formaram o livro Arca de Noé, que mais tarde foi musicado. Apesar de tantos bichos interessantes, a poesia mais famosa da obra é aquela em que o poeta tentou ser construtor e, usando as palavras como tijolos, criou a casa que toda criança já visitou em pensamento, lá na Rua dos Bobos, número Zero.
Se estivesse vivo, Vinícius de Moraes completaria 100 anos este mês. Para celebrar, sua filha Suzana decidiu regravar o histórico disco “A Arca de Noé”. Ela contou com o apoio de músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso e Adriana Calcanhoto, que fizeram novos ritmos e melodias para as poesias de Vinícius. Estou doida para ouvir!