Sítios de biodiversidade

Península Valdés, na região conhecida como Patagônia, Argentina: um pedacinho de terra que avança para o oceano Atlântico, pontilhado de lagos de água salgada. O que esse local tem de tão especial? Acaba de ser considerado pelos cientistas como um Sítio Ramsar, espaço privilegiado de preservação da natureza.

Foto de satélite da Península Valdés

Península Valdés, na Argentina (Foto: Wikimedia Commons)

“Um Sítio Ramsar é uma área úmida com relevante biodiversidade, especialmente de aves aquáticas e migratórias, que atuam como indicadoras do estado de conservação desses ambientes”, explica o ecólogo Davi Tavares, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Os Sítios recebem esse nome por que sua criação foi idealizada em uma convenção que aconteceu na cidade de Ramsar, no Irã, em 1971.

Para se tornar um Sítio Ramsar, o local precisa ter áreas úmidas com profundidade de até seis metros, que suportem espécies em abundância, ameaçadas ou que se nelas se reproduzam. Os Sítios recebem ajuda científica e financeira de vários países para pesquisa e conservação.

pinguins

Os pinguins estão entre os animais que visitam a Península Valdés (Foto: Wikimedia Commons)

Atualmente, existem no mundo mais de dois mil Sítios Ramsar em 163 países. No mais novo deles, na Argentina, vivem diversas espécies ameaçadas, como elefantes-marinhos, baleias-francas e maçaricos-de-papo-vermelho. No Brasil, há onze localidades declaradas como Sítios Ramsar, como a Lagoa do Peixe (RS), o Parque Marinho de Abrolhos (BA) e o Pantanal (MS) – a maior área úmida continental existente. Elas são fundamentais para ajudar na preservação de muitas espécies.

“A fauna aquática depende de ambientes muito específicos para sua sobrevivência”, conta Davi. “Por exemplo, a cegonha (Ciconia maguari), espécie vulnerável no estado do Rio de Janeiro, necessita para sua alimentação, de águas entre cinco e 25 centímetros de profundidade, com presença de presas como peixes e invertebrados, além de salinidade e temperaturas adequadas e pouca ou nenhuma poluição”.

Gaivota-de-capuz-cinza

A gaivota-de-capuz-cinza é encontrada no Brasil, na Argentina, no Peru e no Chile (Foto: Davi Tavares)

Já que existem poucos lugares assim no mundo, é importantíssimo cuidar para que tais ambientes, já tão ameaçados, não desapareçam. A abertura de canais de drenagem, o fogo e o estabelecimento de indústrias portuárias na região costeira estão entre as principais ameaças. “A perda de áreas úmidas continentais foi apontada por pesquisadores como um dos maiores problemas enfrentados pela humanidade, juntamente com a taxa de perda de biodiversidade, que é tão preocupante quanto o aquecimento global”, alerta Davi. Precisamos evitar que isso aconteça, não é?

Confira, na galeria abaixo, algumas espécies de aves protegidas pelos Sítios Ramsar no Brasil e no mundo:

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