Todos os dias, o Sol nasce e ilumina sua cidade. Você sente o calor produzido por ele, sua pele pode até ficar vermelha se ficar exposta sem proteção. Mas, se você acha forte o calorão que o Sol promove aqui na Terra, saiba que a temperatura lá na nossa estrela central varia entre seis mil e 15 milhões de graus Celsius. É quente para chuchu!
O Sol fica a cerca de 150 milhões de quilômetros da Terra e, por conta da distância e do calor, nenhum astronauta consegue chegar lá. Então, os cientistas criaram um aparelho especial chamado Tokamak, que reproduz as temperaturas do centro do Sol aqui mesmo na Terra e torna possíveis vários estudos.
Inventados pelos russos na década de 1960, os Tokamaks têm o formato de uma rosquinha (veja a figura) e são capazes de criar plasmas que atingem altíssimas temperaturas. “O plasma é um gás cujos elétrons ficam se desligando e religando. A cada vez que um elétron religa, emite luz”, explica o físico Cássio Amador, da Universidade de São Paulo (USP). “A chama de uma vela e a lâmpada fluorescente são exemplos de plasmas. As estrelas, incluindo nosso Sol, são bolas de plasma”.
A estrutura do Tokamak tem, ao redor da rosquinha, ímãs que criam um campo magnético aproximadamente 30 mil vezes mais intenso do que o terrestre. Com isso, ele consegue aquecer o plasma até uma temperatura próxima das que ocorrem no núcleo das estrelas.
Legal, você pode pensar, mas para que serve um negócio desses? Não é pura curiosidade científica. O objetivo do Tokamak é criar uma fonte alternativa de energia para produzir eletricidade sem poluir o meio ambiente. “O combustível para o Tokamak se obtém da água do mar e de um elemento encontrado em rochas e algumas fontes de água mineral”, conta Cássio. “O produto final é gás hélio, que não faz mal, e não existe o risco de explosões ou vazamento de material radioativo”.
No Brasil, existem dois Tokamaks atualmente em uso. Um deles fica na USP, na cidade de São Paulo, e pode ser visitado por quem tiver interesse! O outro fica no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, em São José dos Campos, também no estado de São Paulo.
Para informações sobre a visitação ao Tokamak da USP, entre em contato com Juan Iraburu no endereço juan.iraburu@gmail.com.