Jararaca, boca-de-sapo e caiçaca são temidas serpentes da região Centro-Oeste brasileira. Já pensou levar uma mordida? Deve doer muito! Para piorar as coisas, o veneno delas pode causar graves problemas.
Mas os habitantes nativos do interior do Brasil têm um segredo. Há gerações, eles usam a casca do ipê-amarelo (Tabebuia aurea), árvore comum no Pantanal, como antídoto para o veneno.
Segundo o pessoal da região, a planta é muito eficiente para aliviar os problemas causados pela mordida das cobras. E falam disso com tanta certeza que um grupo de cientistas resolveu investigar.
Mônica Cristina Toffoli Kadri, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, coordenou um estudo para testar as propriedades da casca do ipê-amarelo e confirmou que ela pode agir como anti-inflamatório e cicatrizante. Uma mão na roda para quem for atacado pelas serpentes do gênero Bothrops, como jararaca (Bothrops jararaca), boca-de-sapo (Bothrops neuwiedi) e caiçaca (Bothrops moojeni).
“Os resultados dos experimentos são muito promissores”, disse Mônica à CHC. Em camundongos, todos os testes apontaram para uma melhora significativa dos animais tratados com o composto.
É claro que a notícia é boa, mas ainda poderá levar muito tempo – pelo menos uns dez anos – até que seja disponibilizado no mercado um medicamento que use a casca do ipê-amarelo para tratar mordidas de cobras. Os pesquisadores precisam testar se a substância é mesmo segura para utilizar em seres humanos. E é bom que testem direitinho, certo?
Cuidado com a cobra!
No Brasil, as serpentes do gênero Bothrops são responsáveis por mais de 80% dos acidentes ofídicos – nome que os cientistas usam para se referir a “mordidas de cobras”. É no Centro-Oeste que ocorre a maior parte dos casos: Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás…
Acidentes em áreas rurais são bastante comuns, mas há cada vez mais casos em áreas urbanas também. Caso você um dia passe por uma situação assim, anote o que deve fazer:
* Lavar o local da picada com apenas água e sabão;
* Buscar atendimento médico o mais rápido possível;
* A vítima deve ser mantida deitada, calma, consciente e hidratada;
* Tirar anéis, pulseiras e sapatos para evitar lesões após o inchaço;
* Não fazer torniquetes ou garrotes; não cortar nem perfurar o local da picada; não colocar folhas, pó de café ou qualquer outro produto no ferimento;
* Se possível, levar o animal para identificação – isso pode auxiliar o médico que ficará responsável pelo tratamento.