Agora é sério! Nosso astronauta, o tenente-coronel Marcos César Pontes, já está a bordo da nave espacial Soyuz TMA-8 na companhia de mais dois cosmonautas. A Missão Centenário – como é chamada a viagem do astronauta, por estar se realizando 100 anos depois do vôo pioneiro de Santos-Dumont com o 14-Bis – teve início às 23h30 desta quarta-feira, horário do Brasil. A nave partiu da base de Baikonur, no Cazaquistão, país da Ásia, rumo à Estação Espacial Internacional.
A decolagem da Soyuz foi um sucesso. Logo depois de sua partida, imagens mostraram o astronauta brasileiro acenando para a câmera e apontando para a bandeira do Brasil, bordada em sua roupa espacial.
A Estação Espacial Internacional fica em órbita a 350 quilômetros da Terra, mas a Soyuz só deve chegar na madrugada deste sábado, após completar algumas voltas em torno de nosso planeta (leia Longo caminho , algumas linhas abaixo).
Para o espaço, Marcos César Pontes levou cerca de 15 quilos de bagagem, entre experimentos, utensílios pessoais e itens que representam o Brasil, como moedas e selos, além de uma camisa da seleção e uma réplica do chapéu de Santos-Dumont.
Durante os oito dias que permanecerá na Estação Espacial Internacional, o astronauta brasileiro deve fazer pelo menos três contatos com a Terra. Seu retorno está marcado para 8 de abril. A CHC On-line acompanha cada dia da missão de Marcos César Pontes. Permaneça ligado!
Longo caminho
A nave espacial que tem a bordo o astronauta brasileiro levará dois dias para chegar à Estação Espacial Internacional (ISS). Sabendo que a Estação está a 350 quilômetros de altura da Terra, você poderia se perguntar: puxa, mas por que a viagem vai demorar tanto? Afinal, pense bem: em nosso planeta, essa distância pode ser percorrida em menos de cinco horas de carro – um veículo que, convenhamos, é muito mais lento do que uma espaçonave do porte da Soyuz TMA-8, cuja velocidade chega a dezenas de milhares de quilômetros por hora.
A questão é que a espaçonave não percorre um caminho em linha reta até a Estação Espacial Internacional. Ao contrário: a Soyuz TMA-8, assim como qualquer outra nave no seu lugar, em vez de seguir 350 quilômetros em linha reta, sobe à medida que vai girando em torno da Terra. Uma das razões para isso é que a Estação Espacial Internacional não está imóvel: ela gira ao redor da Terra e muito mais depressa do que o planeta. Em pouco mais de duas horas, a ISS já deu a volta completa no globo. São quase 16 voltas a cada 24 horas!
Para poder se acoplar a ela, como acontecerá dentro de poucos dias, a Soyuz TMA-8 precisa, além de atingir 350 quilômetros de altitude, estar à mesma velocidade que a Estação Espacial Internacional. É como subir num ônibus em movimento, em que é preciso correr para atingir a sua velocidade. Só que, neste caso, a Soyuz TMA-8 deve fazer um encaixe perfeito com a estação espacial. E não é nada fácil manobrar no espaço!
Em resumo, a trajetória da nave Soyuz TMA-8 até se acoplar à estação ocorre de forma gradativa e por isso leva tanto tempo. No final das contas, o caminho que ela percorre fica muito mais parecido com uma espiral do que com uma linha reta.