“A Terra é azul”, disse emocionado o astronauta russo Yuri Gagarin, em 1961. Ele foi o primeiro homem fazer uma viagem espacial e ver nosso planeta lá de longe. Mas um estudo divulgado recentemente trouxe uma informação para lá de curiosa: se hoje a Terra é azul, antigamente ela pode ter sido púrpura! Já imaginou?
A hipótese de uma Terra púrpura veio à tona com os estudos do astrofísico espanhol Enric Pallé. Ele e sua equipe decidiram analisar como era o nosso planeta há três bilhões de anos.
Naquela época – tanto nos continentes quanto nos oceanos – bactérias eram a forma de vida predominante por aqui. Mais precisamente, bactérias primitivas cujo metabolismo era dependente de uma substância chamada retinal, que tem a cor púrpura. Como as tais bactérias estavam por todos os lados, alguns cientistas supõem que o planeta, se visto do espaço, também acabava ficando com essa mesma cor.
A tal substância arroxeada era usada pelas bactérias para a realização de um processo semelhante à fotossíntese das plantas atuais. Porém, em vez de usar a clorofila, que é esverdeada, as bactérias usavam retinal. Os outros ingredientes da fotossíntese, água e gás carbônico, eram substituídos por ácido sulfídrico e enxofre, abundantes na Terra primitiva.
Uma das coisas mais legais desse estudo é justamente pensar como os organismos que viveram aqui poderiam até mesmo modificar a aparência do planeta. “A Terra tem sido habitada por pelo menos 3,8 bilhões de anos, e sua aparência mudou ao longo do tempo”, escreve Enric.
Além de matar a curiosidade, entender o passado da vida na Terra é fundamental para os cientistas que buscam sinais de vida em outros planetas. “Esses estudos nos lembram que há condições de sobrevivência que não são dependentes necessariamente de oxigênio, por exemplo”, comenta o astrofísico Carlos Alexandre Wuensche, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais. Quem sabe não há outro planeta púrpura perdido no espaço?