Museus são cheios de preciosidades e tesouros. Veja, por exemplo, o Museu Nacional, no Rio de Janeiro: apesar de não ter moedas de ouro ou joias imperiais, guarda um tesouro valioso, tanto por sua importância científica quanto pelo seu valor econômico. Uma preciosidade que veio do céu!
Trata-se de uma pedrinha arroxeada bem pequena – o meteorito Angra dos Reis, que caiu nessa região há 150 anos. A rocha é de um tipo muito raro de meteorito chamado angrito. Até hoje, só 20 meteoritos desse tipo foram encontrados em todo o mundo.
O Museu Nacional tem apenas um pedacinho de 70 gramas da pedra, com três centímetros de diâmetro, mas pode haver mais partes por aí. Segundo relatos históricos, o meteorito caiu no mar em 1869. Um médico que passava pelo local viu a queda e mandou que seus escravos mergulhassem para pegá-lo. Eles recuperaram dois pedaços da pedra e, pelo encaixe, viram que era possível que ainda existisse uma terceira parte.
Um desses pedaços é o que está hoje no museu. Já o segundo foi sendo passado de pai para filho na família do médico e ninguém sabe onde foi parar. O terceiro, acredita-se, continua escondido no fundo do mar. O que não falta é gente procurando por ele!
A historiadora Regina Dantas, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, chegou a fazer, sem sucesso, uma pesquisa em busca do pedaço que ficou com a família do médico.
“Viajamos, falamos com pessoas da família e, por fim, descobrimos que um parente do médico que poderia saber da pedra era, na verdade, pesquisador do Museu Nacional. A pedra podia estar bem perto de nós!”, conta Regina. “Mas, quando fomos atrás dele, ele tinha acabado de falecer. Reviramos caixas e mais caixas de papéis do seu escritório e, infelizmente, não achamos nada que pudesse nos dizer onde o meteorito estava. Essa pedra pode estar em qualquer lugar.”
A astrônoma Elizabeth Zucolotto, que cuida da parte do meteorito que está no museu, também não desiste de procurar os outros pedaços para poder fazer mais pesquisas sobre a rocha. Todos os anos, ela organiza excursões de pesquisadores para procurar a pedra na Baía de Angra dos Reis. Os cientistas vestem seus biquínis e sungas e mergulham em busca do tesouro.
A tarefa é difícil: encontrar uma pedrinha escura de cerca de meio quilo e oito centímetros de diâmetro no fundo de uma baía. “É como achar uma agulha no palheiro”, diz a astrônoma. “Se o meteorito fosse metálico, poderíamos usar um detector de metais para encontrá-lo, mas ele é uma pedra no meio de tantas outras centenas de milhares que estão lá.”
Ainda assim, Elizabeth não desiste. Além de valer muito dinheiro, o meteorito tem grande importância científica. Estima-se que ele tenha cerca de 4,56 bilhões de anos, ou seja, teria se formado alguns milhões de anos depois da nuvem de gás e poeira que deu origem ao nosso sistema solar. Ele é uma testemunha da nossa origem!
Roubo no museu
Parece coisa de filme, mas o pedaço do meteorito Angra dos Reis que fica no Museu Nacional já foi roubado! Em 1997, dois pesquisadores norte-americanos levaram sua coleção de meteoritos ao museu com a desculpa de propor trocas entre os acervos. Enquanto olhavam a coleção brasileira, sorrateiramente pegaram o Angra dos Reis e colocaram uma réplica no seu lugar. Os larápios já estavam prontos para deixar o país quando a troca foi percebida. Bem em tempo, os dois foram parados no aeroporto com a pedra escondida dentro de uma meia.