Trans… o quê?

Você ganha um pacote de deliciosos biscoitos recheados com chocolate. Antes de devorá-los, examina a embalagem. Nela vem uma tabela dizendo que a gostosura tem um montão de calorias, vitaminas, proteínas e uns três tipos de gordura… Ué, gordura não é tudo a mesma coisa? Não. É justamente por serem muito diferentes que, a partir de agosto, tornou-se obrigatório vir escrito no rótulo de todos os produtos a quantidade de cada uma delas.

A gordura chamada trans é a principal vilã, apesar de ser a mais eficiente em deixar os alimentos mais crocantes, sequinhos, duráveis e apetitosos. É justamente por isso que as indústrias gostam tanto de usá-la em seus produtos… Portanto, é bem comum encontrá-la em grande quantidade nas delícias industrializadas, como sorvetes, batatas-fritas, pipocas, salgadinhos, biscoitos, bolos e principalmente na margarina. Os animais ruminates também produzem pequenas quantidades dessa gordura e, portanto, ela pode estar presente em certos alimentos como a carne e o leite de vaca.

Toda gordura engorda, mas a trans é distinta das outras, pois era líquida e foi transformada em sólida e essa transformação é que a torna tão maléfica. A nutricionista Vera Lucia Chiara, que estuda o assunto na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), contou à CHC On-line que essa gordura vai se acumulando em nosso corpo ao longo dos anos e pode causar doenças no coração e nas artérias.

A quantidade de gordura trans é declarada somente em gramas nas tabelas nas embalagens dos alimentos porque não existe uma dose recomendada para se ingerir por dia. O ideal seria não comer nada dela, mas o importante é não ultrapassar 2 gramas por dia.

Chiara explica que as outras gorduras – que aparecem nos rótulos como as ‘insaturadas’ – a gente até precisa comer. “Elas são essenciais porque participam de algumas funções do nosso corpo e não podemos produzi-las. Assim, são fundamentais em todas as fases da vida, especialmente na infância, quando crescemos e nos desenvolvemos”. Já a trans , não satisfeita em não prestar para essas funções, ainda atrapalha as outras!

Portanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitára (Anvisa) – parte do governo responsável por controlar essas questões – diz que é seguro para a saúde ingerir apenas menos de 2 g de gordura trans por dia. Só que essa quantidade é tão pequena que apenas as refeições dariam conta, ou seja: não sobra quase nada para as guloseimas industrializadas! E agora?!?

O que podemos fazer, a partir de agora, é sempre olhar a tabelinha nas embalagens das comidas, que informa a quantidade (em gramas) dessa gordura. Dê preferência às guloseimas que não tenham as trans, para forçar as indústrias a se preocuparem mais com a nossa saúde e mudarem seus ingredientes para outros mais saudáveis. Você também pode fazer as contas: somar toda a quantidade de gordura trans que comeu no dia. Se chegar à quantidade máxima, guarde o resto das guloseimas para o dia seguinte!