Um ano moderno

Há 90 anos, mais especificamente nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, muito antes de você sonhar em nascer, acontecia, no Teatro Municipal de São Paulo, a Semana de Arte Moderna – uma mostra que, ainda hoje, representa muita coisa para os artistas brasileiros. Foram três dias de música, artes plásticas e literatura que mudaram o modo de se fazer arte no Brasil.

Cartaz do concerto de Villa Lobos na Semana de Arte Moderna

Heitor Villa-Lobos é considerado um dos principais músicos brasileiros e um dos mais importantes artistas da Semana de 22. Suas obras exaltavam o espírito nacionalista e tinham elementos de canções folclóricas, populares e indígenas. Na imagem, um cartaz convida ao show do artista na Semana da Arte Moderna (Imagem: Wikimedia Commons)

“O objetivo dos artistas da Semana era introduzir um conceito renovador de arte, tanto para os autores quanto para o público, convidando as pessoas a apreciarem uma literatura que desobedece a gramática, uma pintura que não imita a natureza, uma música que rompe com a harmonia e assim por diante”, explica Marília Cardoso, professora do Departamento de Letras da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Você pode estar pensando: ué, acho normal ver um quadro com imagens que não são cópias fiéis da realidade ou ler um poema sem rima! Mas saiba que, naquela época, essa forma de fazer arte, música e literatura estava totalmente fora dos padrões a que as pessoas estavam acostumadas, e isso deixou muita gente de boca aberta.

Quadro Antropofagia, de Tarsila do Amaral

Antropofagia, de 1929, é um dos mais famosos quadros de Tarsila do Amaral. Nele, podemos perceber como a artista pintava de forma diferente e nada fiel à realidade (Imagem: Rômulo Fialdini)

Por outro lado, houve também quem gostasse muito das novidades, o que acabou por popularizar a arte moderna em nosso país. Não é à toa que, 90 anos depois, a Semana continua sendo referência para muitos artistas. “A carreira dos artistas que participaram da Semana é motivo de estudos e de exposições até hoje”, diz Marília.

Oswald de Andrade

José Oswald de Sousa Andrade Pereira Pinto de Oliveira Siqueira Neto era o nome completo de Oswald de Andrade. Ele escreveu poesias, romances e até peças de teatro. Era considerado um dos artistas mais rebeldes do grupo que participou da Semana de 22 (Imagem: Wikimedia Commons)

Será que você já ouviu falar dos artistas responsáveis por esta tremenda revolução artística? Alguns nomes são Villa-Lobos, na música; Oswald de Andrade e Manuel Bandeira, na literatura; e Tarsila do Amaral, na pintura.

Estátua de Manuel Bandeira

Manuel Bandeira escrevia poesia e textos em prosa. Seu poema “Os Sapos” fazia crítica ao Parnasianismo – movimento que valorizava a métrica, rimas e regras da poesia. Por isso, foi muito vaiado em sua apresentação na Semana de 22. Na foto, uma estátua em sua homenagem em Recife, PE (Imagem: Wikimedia Commons)

Para comemorar os 90 anos da Semana de Arte Moderna, uma boa ideia é conhecer melhor o trabalho de Tarsila do Amaral. Estão expostas no Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio de Janeiro, 87 obras da artista – é a exposição “Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo”. A programação inclui um concerto com músicas de Villa-Lobos e Mário de Andrade feitas especialmente para Tarsila.

Tarsila do Amaral – Percurso Afetivo
Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB)
Rua Primeiro de Março, 66, Centro, Rio de Janeiro
Até 29 de abril
De terça-feira a domingo, das 9h às 21h
Grátis

Concerto Tarsila Musical
14 de março
CCBB, Teatro 2
Grátis
(É necessário retirar senha 1 hora antes do inicio da programação)
Informações: (21) 3808-2020 – www.bb.com.br/cultura