Um furacão chamado Catarina

Até o início deste ano, furacão, para os brasileiros, era algo visto apenas pela TV e que só ocorria em outros países. Mas, agora, isso é passado: nos dias 26 e 27 de março, foi registrado o primeiro fenômeno desse tipo no sul do Brasil. O furacão ocorreu no sul do oceano Atlântico e ganhou o nome de Catarina. O que nos leva a perguntar: será que algo assim acontecerá outras vezes? Bom, é isso o que vamos descobrir, só que antes precisamos entender o que houve em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul…

O furacão Catarina visto do espaço (foto: Nasa/GSFC)

De abril a junho, é mais comum acontecerem ciclones extratropicais: tempestades com ventos que chegam a alcançar pouco mais de 100 quilômetros por hora e que são responsáveis por ressacas no sul e no sudeste do nosso país. “O furacão Catarina era um desses ciclones”, explica Carlos Nobre, pesquisador do Centro de Previsão do Tempo e Estudos Climáticos, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais.

“Só que, no dia 26 de março — por alguma razão que ainda não foi explicada –, ele ganhou intensidade no mar e veio em direção ao continente, com ventos acima dos 150 quilômetros por hora, o que o qualifica como o primeiro furacão a atingir o Brasil.” Até então, um fenômeno meteorológico desse tipo nunca tinha sido registrado no Atlântico Sul, o que deixou os cientistas com uma pulga atrás da orelha: por que isso aconteceu?

“Os pesquisadores estão considerando duas possibilidades: ou isso é um evento raro que só ocorre pouquíssimas vezes ou já é o primeiro sinal das mudanças climáticas que o planeta estaria sofrendo em função da poluição produzida pelo homem”, conta Carlos Nobre. Só saberemos qual das alternativas é a correta, porém, quando mais observações forem feitas. O furacão pegou todo mundo de surpresa, até a ciência!

Aliás, sabia que esse fenômeno também gerou debate? Pois é. Para alguns cientistas brasileiros, o que houve não foi um furacão, mas um ciclone extratropical de maior intensidade. “Só que os centros de estudos de furacões do Canadá, dos Estados Unidos e do Reino Unido, que são muito bem equipados e contam com cientistas especializados, qualificaram o fenômeno como furacão”, defende Carlos Nobre. A polêmica surgiu porque um furacão nunca tinha passado pelo Brasil. E agora você vai saber qual era a explicação da ciência para isso!

Acreditava-se que não havia furacões no Brasil porque, como os ventos sobre o oceano Atlântico são muito fortes, as nuvens, ao se formarem, logo se espalhavam e, assim, as tempestades nunca se transformavam em furacões. Mas será que isso quer dizer, então, que agora podem aparecer outros? Poder, pode, mas tenha calma e continue lendo!

Na verdade, essa pergunta ainda não tem resposta. Como nunca tinha aparecido um, ainda está muito cedo para fazer esse tipo de previsão. De qualquer forma, você não precisa ter medo e achar que um furacão vai surgir de repente. “Hoje, há maneiras de prever esse tipo de fenômeno com cinco ou seis dias de antecedência”, explica Carlos Nobre.

Agora que o susto já passou, a dica é aproveitar o frio que está chegando e torcer para que outros furacões não apareçam por aqui tão cedo!