Uma árvore, duas árvores, três…

Tem gente que conta carneirinhos para dormir, e tem gente que conta árvores e pássaros para cuidar da natureza: são os biólogos do projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais, uma parceria do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia e do Instituto Smithsonian, dos Estados Unidos. Eles acompanham o crescimento das plantas e a vida dos animais da Amazônia para preservar a vida selvagem!

Angelim-pedra

O angelim-pedra, que pode chegar a 40 metros de altura, é uma das espécies de árvores amazônicas monitoradas pelo projeto (Foto: Ibama)

O projeto já dura 34 anos e hoje monitora mais de 50 mil árvores da região. A cada cinco anos, os pesquisadores entram na floresta e procuram uma a uma as árvores marcadas na última contagem. Observam sua saúde, conferem o quanto cresceram e coletam amostras de suas folhas e galhos.

Eles aproveitam para conferir quantas árvores morreram entre uma contagem e outra, e anotam quantas árvores novas vão sendo incluídas na contagem. “Não acompanhamos as plantas desde seu nascimento. Começamos a fazer a contagem quando a árvore atinge 10 centímetros de diâmetro na região do tronco que fica à altura de 1,3 metro acima do solo”, explica o ecólogo José Luís Camargo, coordenador do projeto.

Com esse tipo de estudo, os cientistas conseguem entender a dinâmica da floresta. Eles descobrem, por exemplo, em que velocidade cada uma das espécies de árvores cresce – uma informação que pode ajudar a determinar a melhor forma de reflorestar uma área desmatada.

Os resultados apontam que as árvores mais próximas às bordas dos fragmentos florestais têm mais chances de morrer, principalmente se forem de espécies que ficam muito altas, como o angelim-pedra. “Essas árvores tendem a morrer porque ficam desprotegidas e a chance de quebrarem é maior”, conta José Luís. “Outros fatores de risco são as mudanças de umidade, luz e temperatura dessas áreas de bordas, que ficam perto das áreas desmatadas”.

Contagem de pássaros

Além de acompanhar a presença das árvores, os pesquisadores monitoram anualmente cerca de 400 espécies de pássaros que vivem na floresta. Mais de 40 mil animais já foram marcados com anéis de metal numerados colocados em sua perna. “Quando encontramos um pássaro na floresta, vemos se ele tem o número marcado e anotamos onde foi encontrado”, conta José.

Revoada de pássaros

Os cientistas também monitoram a quantidade e diversidade das espécies de pássaros da região (Foto: lubasi / Flickr / CC BY-SA 2.0)

O objetivo é saber quais são os impactos do desmatamento sobre a vida selvagem. “Já descobrimos, por exemplo, que os pássaros dificilmente passam de um fragmento de floresta a outro. Eles quase nunca atravessam uma área desmatada, pois precisam de uma estrutura florestal densa para viver”, revela o ecólogo.

Sapos, mamíferos, borboletas, morcegos e formigas também são monitorados. Com certeza tudo isso dá muito trabalho, mas a natureza agradece!