Uma série de modificações na maneira de escrever muitas palavras da língua portuguesa está prestes a virar realidade. As razões para a mudança são variadas, mas o objetivo é um só: promover a união e o entendimento dos países que têm o português como o seu idioma oficial. É a Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa, que diz respeito não só aos brasileiros, mas a angolanos, portugueses, moçambicanos e a pessoas de muitas outras nacionalidades!
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa – um documento internacional que oficializou a reforma – é uma iniciativa de todas as nações que falam português. Juntas, elas formam a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, composta por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor Leste. Há quase dez anos, em 1999, os oito países se reuniram para assinar o documento e promover, a partir de então, as modificações na língua portuguesa, que serão mais facilmente notadas a partir de 2009.
Desde 1999, porém, a reforma está sendo realizada por profissionais capacitados, como os filólogos – especialistas em língua portuguesa –, que estão preparando, por exemplo, manuais com as novas regras para a escrita em português. Mas não entre em pânico, pensando que, a partir de agora, você precisará reaprender a falar e a escrever em português. Na verdade, as modificações serão feitas aos poucos e afetarão somente a grafia e não a pronúncia das palavras. Algumas, por exemplo, ganharão ou perderão acentos, como o circunflexo, o agudo e a trema. Já outros termos perderão o hífen e ganharão novas formas de serem escritos.
“É importante lembrar que não se pode escrever de formas diferentes uma mesma língua só porque as pronúncias são distintas em diversas regiões. Se fosse assim, um carioca não poderia continuar seus estudos no Nordeste nem no Sul do Brasil”, explica o filólogo José Pereira da Silva, professor de língua portuguesa da Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Por que mudar?
Há inúmeros motivos para a reforma, que é considerada, pelos especialistas, uma maneira de facilitar o uso da língua portuguesa. Com uma única forma de escrever, o português poderá, por exemplo, ser um dos idiomas oficiais da Organização das Nações Unidas, o que facilitaria a relação das nações que fazem parte da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa com o resto do mundo. Não haveria necessidade, por exemplo, de traduzir documentos escritos no Brasil, em português, que seguissem para um outro país, que também tivesse a língua portuguesa como seu idioma oficial.
A reforma ortográfica também traz vantagens para a produção e a circulação de livros, jornais, revistas, entre outros veículos, que poderão circular entre os países que têm o português como língua oficial, sem que haja necessidade de tradução. Além disso, a promoção de cursos de língua portuguesa para estrangeiros também seria facilitada com a escrita única. “O acordo trouxe a simplificação para a ortografia de nossa língua. Uma tentativa de corrigir erros e outras questões complicadas, que dificultam o entendimento da língua portuguesa entre todos os que falam o português”, conta José Pereira da Silva.
Em vigor!
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa já está valendo e, em 2009, muitos brasileiros notarão as mudanças acontecendo, assim como as pessoas de vários outros países que também têm o português como idioma oficial. Somente em 2013, porém, essa ortografia será obrigatória no nosso país, valendo nota em exames importantes, como nos vestibulares.
Mas para que a reforma seja finalizada, muito trabalho tem que ser feito e muitas pessoas já estão envolvidas na tarefa. Professores estão sendo treinados, livros e manuais estão sendo reeditados com as novas regras… Em breve, você vai pegar caneta e papel e também colocar a reforma ortográfica da língua portuguesa em prática. É esperar para ver!