Vermelho, mas diferente

O Lutjanus alexandrei tem barras verticais claras ao longo do corpo, uma das características que o diferencia das outras espécies de peixe da sua família. (Foto: Rodrigo Moura/ CI-Brasil).

Ele quase passou despercebido entre tantos outros da região, mas não era igual aos que nadavam naquelas mesmas águas. Afinal, apesar de ser vermelho como os outros de sua família, apresentava algo diferente em sua coloração. Sim, estamos falando de um peixe, mas não de um tipo qualquer. Meninos e meninas, preparem-se para conhecer o Lutjanus alexandrei , uma nova espécie que vem engrossar a lista de animais brasileiros.

Foi há cinco anos que dois pesquisadores – o brasileiro Rodrigo Moura, da Conservação Internacional, e o americano Kenyon Lindeman, da organização americana Environmental Defense (Defesa Ambiental, em tradução livre) – suspeitaram que alguns peixes existentes no Brasil, popularmente conhecidos como vermelhos e que pertencem à família Lutjanidae , constituíam uma nova espécie.

“Os membros da família Lutjanidae são popularmente conhecidos como vermelhos. Por conta da coloração geral do corpo, a espécie brasileira passou despercebida pelos cientistas, apesar de seu grande porte e de ser comum e importante na pesca ao longo de quase todo o Nordeste”, explica Rodrigo.

Ele e Kenyon, porém, notaram que o Lutjanus alexandrei apresentava diferenças no padrão de colorido de suas escamas em relação às outras espécies de peixe da família Lutjanidae . Eles perceberam que esse peixe tem barras verticais claras ao longo do corpo, uma das características que o define como uma nova espécie. “Após examinarmos centenas de exemplares em museus e na natureza, confirmamos as suspeitas iniciais e descrevemos a nova espécie em trabalho publicado este ano no jornal Zootaxa , especializado em biodiversidade”, conta Rodrigo.

O Lutjanus alexandrei ocorre na costa do Brasil, do Maranhão ao sul da Bahia, onde é conhecido como baúna e caranha. Seu nome científico é uma homenagem a Alexandre Rodrigues Ferreira, um importante naturalista brasileiro, que viveu no século 18 e descobriu várias espécies, algo que, nos dias de hoje, não é uma tarefa fácil.

Para descrever o Lutjanus alexandrei como uma nova espécie de peixe, Rodrigo e Kenyon precisaram coletar exemplares, fazer muitas observações e usar fotografias e filmagens para registrar a cor, os hábitos ou mesmo saber onde a espécie gosta de morar. O esforço, no entanto, valeu a pena. Descobertas como a deste novo peixe são muito importantes. A partir disso, os cientistas podem saber quantos e quais animais e plantas ainda existem no planeta, podendo organizar e criar meios de preservar milhões de seres na Terra. Algo muito bacana, não?