Recentemente, um sapo intrometido ganhou destaque nas notícias sobre exploração espacial: em meio ao lançamento de uma sonda em direção à Lua, o anfíbio enxerido apareceu voando em uma das fotos do evento. Calma, sapos não voam – ele foi arremessado pela força do foguete!
Até agora, ninguém descobriu se o sapo sobreviveu, mas o episódio serve para recordar a longa relação entre animais e espaço: você sabia que eles chegaram à órbita da Terra antes mesmo dos humanos?
Tudo começou nos anos 1950, quando Estados Unidos e União Soviética travavam a corrida espacial, uma disputa pela liderança tecnológica e para ser o primeiro país a levar o homem à Lua – conquista atingida pelos norte-americanos em 1969.
Nesse período, diversos animais foram enviados ao espaço. “As viagens ajudaram a entender o efeito da microgravidade e da radiação sobre organismos complexos”, explica a médica especializada em fisiologia espacial Thais Russomano, da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. “Esse conhecimento foi importante para compreender como o ambiente espacial poderia afetar o ser humano”.
O primeiro passo espacial nessa trajetória foi dado com as patas da famosa cadela soviética Laika, em 1957. Única tripulante da nave Sputnik 2, ela deveria permanecer alguns dias em órbita da Terra, mas a viagem não acabou bem: Laika morreu e foi desintegrada, junto com a sonda, na reentrada da atmosfera.
Anos depois, foi revelado que a cadela faleceu ainda nas primeiras horas de voo, vítima do superaquecimento da cabine. “Mesmo assim, Laika virou uma celebridade e um trunfo do programa espacial soviético”, conta Thais.
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Já a primeira viagem bem sucedida aconteceu em 1959: dois macacos norte-americanos foram os primeiros a voltar com vida do espaço. Um deles morreu logo após a viagem, mas a macaquinha Miss Baker experimentou alguns anos de fama.
O sucesso da experiência abriu caminho para que, nos anos seguintes, cachorros, macacos, coelhos, gatos, peixes, sapos, ratos e outros animais embarcassem rumo ao espaço. “Hoje há uma grande controvérsia sobre uso de animais em estudos científicos, mas isso foi comum na ciência aeroespacial”, lembra Thaís.
Depois que o primeiro humano chegou ao espaço – o cosmonauta russo Iuri Gagarin, em 1961 –, a utilização de grandes animais diminuiu. “É difícil manter esses animais no espaço. Eles requerem muitos cuidados e muito tempo dos astronautas”, explica a cientista. Por outro lado, várias missões recentes, inclusive na Estação Espacial Internacional, envolveram a utilização de bichos menores, como ratos, minhocas e insetos.