Visita à carpoteca

Aí está uma parte da carpoteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia. Nessas caixinhas etiquetadas os frutos estão organizados e prontos para consulta.

Qual o melhor lugar para se encontrar frutas: no pomar? Na feira? No supermercado? Ou quem sabe numa… biblioteca? Talvez você não saiba, mas existe uma “biblioteca” que, em vez de livros, possui frutos em suas prateleiras: é a carpoteca.

Mais do que uma estante cheia de frutos, a carpoteca é uma coleção científica. Um lugar onde fica armazenado um grande número de frutos, que são organizados de acordo com a família e o gênero, acompanhados ainda de várias informações.

A curadora da carpoteca do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Maria de Fátima Figueiredo Melo, conta que lá quase 2000 frutos ficam preservados em dois meios diferentes. “Aqueles que têm polpa são, em geral, armazenados em meio líquido, ou seja, ficam embebidos com álcool e dentro de potes. Já os que não têm, são conservados a seco, em caixinhas”, conta Maria Fátima. Todos os recipientes contêm também uma etiqueta que diz qual fruto é aquele.

À esquerda, está o famoso açaí, muito apreciado em diversas regiões do país. Na fichinha podemos ver (de cima para baixo): o nome da família da árvore de onde o fruto foi colhido, o nome científico, o local exato onde foi coletado, o tipo de vegetação da área e uma descrição da árvore. Há ainda o nome de quem descreveu o fruto pela primeira vez e de quem recolheu os exemplares ali expostos e a data. À direita, está o araçá-boi, um fruto típico da região amazônica e da mesma família da goiaba e da jabuticaba. Por possuir polpa, é preservado numa solução de álcool, e não a seco, como no caso do açaí. Pode ser consumido ao natural ou como ingrediente de sucos, sorvetes e doces.

Mas para saber mais sobre cada um dos frutos é preciso entrar num programa de computador que guarda diversas informações sobre cada um. Quando um pesquisador encontra um fruto, ele anota vários dados sobre ele, como o local onde o encontrou, a planta de onde foi tirado, se essa planta tinha flores ou não, a cor do fruto, se possui aroma, se é visível ou não, entre outras informações. Todos esses dados sobre os frutos são passados para o computador, onde ficam armazenados.

Se você quiser conhecer uma carpoteca, procure jardins botânicos ou universidades da sua cidade que mantenham um herbário aberto à visitação. Para começar a saciar a curiosidade, cheque a carpoteca virtual do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste (Cepan) clicando aqui.

“É importante conhecermos a flora de cada região para podermos preservá-la, já que enfrentamos problemas como a destruição das florestas”, diz Maria de Fátima. Muitos pesquisadores freqüentam as carpotecas, mas estudantes de ensino fundamental e médio também são bem-vindos para conhecer um pouco mais sobre os frutos de sua região. Na verdade, as carpotecas estão abertas para toda a população que queira entender melhor sobre sementes e frutos, basta agendar visita com antecedência. Então, já tem programa para as férias?! Está aí uma boa dica!

O que são frutos?
Só para lembrar: os frutos são estruturas das angiospermas – plantas que possuem flores. Sua função é proteger as sementes (que ficam dentro dos frutos) até que elas estejam plenamente desenvolvidas. Quando as sementes estão prontas para germinar, os frutos amadurecem, e podem se abrir para deixar as sementes cair no solo, por exemplo. Os frutos geralmente possuem aroma e cor. Essas duas características atraem pássaros e outros animais que, ao comerem os frutos, excretam suas sementes, espalhando-as. É comum confundirem a palavra “fruta” com “fruto”. É o caso, por exemplo, do tomate, do pepino e da noz, que embora sejam frutos, não são considerados popularmente como frutas.