Mais um dia normal de trabalho duro no interior da Argentina. Quer dizer, seria mais um dia normal se, naquela manhã, um agricultor não tivesse descoberto, sem querer, ossos fossilizados do que pode ser um dos maiores dinossauros de todos os tempos.
O achado se deu em 2013, na cidadezinha de Trelew. A equipe do Museu Paleontológico Egidio Feruglio foi comunicada rapidamente e logo deu início às escavações. Desde então, já foram desenterrados em torno de 150 ossos que pertenciam a sete indivíduos da nova espécie.
Ainda sem nome, o dinossauro habitou a região há cerca de 95 milhões de anos e parece ser um herbívoro gigante, daqueles que têm a cauda e o pescoço bem longos – segundo os paleontólogos, o bicho poderia medir 40 metros de comprimento da cabeça à cauda. Além do tamanhão, o novo dinossauro argentino pesava quase 80 toneladas, o equivalente ao peso de 15 elefantes juntos.
Claro que todo mundo ficou animado com a novidade, mas, apesar de enorme, o herbívoro argentino pode não ser o maior dinossauro que já existiu. “Ainda não podemos afirmar que ele é o maior de todos os tempos, mas com certeza está entre os maiores e, devido aos muitos fósseis encontrados, certamente será o mais bem estudado entre os maiores dinossauros que já existiram”, conta o paleontólogo Douglas Riff, do Laboratório de Paleontologia da Universidade Federal de Uberlândia.
O novo réptil disputa o título de maior dinossauro já existente com outra espécie do mesmo país: o argentinossauro, um herbívoro pescoçudo descoberto sem querer por um fazendeiro em 1987.
Apesar de estarmos pertinho da Argentina, até agora não foi encontrada nenhuma espécie de dinossauro tão grande aqui no Brasil. “Em nosso país, nunca foi descoberto um dinossauro cujo tamanho seja comparável ao dos dinossauros argentinos”, diz Douglas. “Mas não há nenhuma razão ecológica ou geográfica que impeça que esses animais tenham andado por aqui também.”
O cientista também explicou que a Argentina tem um terreno mais favorável para a descoberta de fósseis por causa da grande quantidade de rochas sedimentares. Hoje em dia, são conhecidas cerca de 90 espécies diferentes de dinossauros argentinos, contra apenas 20 brasileiras.