Voo até o passado

Você já brincou com aviões de controle remoto? É muito divertido! E as crianças não são as únicas que curtem a brincadeira: os adultos, inclusive, encontraram utilidades para ela. Aparelhos semelhantes, conhecidos como drones, são usados para fins militares, na agricultura, no controle do trânsito e até para fazer entregas. Na ciência, uma das aplicações é a investigação de regiões isoladas de interesse arqueológico.

Civilizações que passaram pelo planeta antes de nós deixaram vestígios em diversas regiões do globo. Algumas são difíceis de acessar em excursões a pé ou de carro – por exemplo, no meio de florestas densas. Nesses casos, os cientistas tradicionalmente usam pipas ou balões com câmeras fotográficas para fazer mapas do sítio arqueológico, mas o processo gasta muito tempo. Com os drones, o mapeamento é mais rápido e as imagens geradas, de melhor resolução.

Aviãozinho não tripulado alçando voo. Dos céus, ele poderá investigar os vestígios do passado. (foto: Steven Wernke)

Aviãozinho não tripulado alçando voo. Dos céus, ele poderá investigar os vestígios do passado. (foto: Steven Wernke)

“Trabalhar com as pipas era um pesadelo!”, lembra Kasper Hanus, arqueólogo da Universidade de Sydney, na Austrália, que utiliza drones em sua pesquisa no Camboja, na Ásia. “Era muito complicado, precisávamos ter vento favorável para realizar o trabalho. Os drones são fáceis de controlar, menores e mais eficientes”.

Para Julie Adams, engenheira da Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, as vantagens estão na rapidez com que as pesquisas são feitas. “Antes, demorávamos muito para mapear sítios arqueológicos. Agora, gastamos dez minutos”, garante. O drone utilizado por Julie é um modelo chamado Skate, pequeno o suficiente para caber dentro da mochila e muito útil para investigar a área de Mawchu Llacta, uma ruína inca abandonada misteriosamente no Peru.

(i)Drone(/i) sobrevoa sítio arqueológico e tira fotos em alta resolução, para a construção de um mapa em 3D.  (foto: Julie Adams)

(i)Drone(/i) sobrevoa sítio arqueológico e tira fotos em alta resolução, para a construção de um mapa em 3D. (foto: Julie Adams)

Comparado com outras despesas de pesquisa, os drones são uma alternativa relativamente barata. O modelo empregado por Kasper em sua pesquisa, por exemplo, custou cerca três mil euros. “A média de preços varia muito: é possível adaptar um modelo de brinquedo de apenas duzentos euros ou pagar 50 mil euros por um profissional”, calcula. A primeira opção de Julie foi justamente um drone sofisticado, que comprou por 30 mil dólares. Já seu segundo modelo, construído por sua própria equipe, custou apenas mil dólares.

A tecnologia desses aviões de controle remoto ajuda os arqueólogos a conhecerem e entenderem mais sobre hábitos, crenças e valores culturais de povos antigos. Assim, é possível preservar melhor esses lugares. “Com os drones, podemos fazer com maior facilidade a documentação de tudo que está presente nos sítios arqueológicos e, assim, proteger esse patrimônio para preservá-lo”, comemora Julie.