Vovô e o ‘video game’

Você já viu seu avô jogando video game? Provavelmente não, mas talvez isso se torne mais comum no futuro. Um estudo realizado nos Estados Unidos mostrou que os jogos eletrônicos podem ajudar a aprimorar certas atividades cerebrais de pessoas idosas.

Se você já está pensando em desafiar seus avós no seu game favorito, calma! Não estamos falando (ainda) de jogos modernos cheios de monstros e explosões: o estudo utilizou um jogo especificamente desenvolvido para esse fim, chamado NeuroRacer.

Ele é composto por duas tarefas: a primeira é guiar um carro por uma pista sinuosa e a segunda, identificar o surgimento de figuras com certa cor e formato na tela, no meio de uma série com muitas outras. Nada muito difícil, certo? Mas o desafio é fazer as duas coisas ao mesmo tempo.

Em testes iniciais com pessoas de 20 a 79 anos, os cientistas observaram que a capacidade de realizar tarefas simultaneamente diminuía com a idade – por isso, dê um desconto para o mau desempenho de seus pais quando jogar (i)video game(/i) com eles! (Foto: Universidade da Califórnia)

Em testes iniciais com pessoas de 20 a 79 anos, os cientistas observaram que a capacidade de realizar tarefas simultaneamente diminuía com a idade – por isso, dê um desconto para o mau desempenho de seus pais quando jogar (i)video game(/i) com eles! (Foto: Universidade da Califórnia)

Quando realizamos tarefas simultâneas, elas provocam interferências no processamento das informações em nosso cérebro. A capacidade de lidar com essas interferências, no entanto, diminui com a idade – por isso, idosos têm mais dificuldade de enfrentar esse tipo de situação.

Os cientistas pediram a adultos de 60 a 85 anos que treinassem o NeuroRacer durante um mês. Alguns jogaram a versão completa, dirigindo o carro e identificando os símbolos ao mesmo tempo, e outros apenas as provas separadas. Em seguida, passaram por testes para verificar seu desempenho no jogo.

Os resultados mostraram que os dois grupos melhoraram de desempenho nas tarefas isoladas, mas só o primeiro melhorou na versão completa, ou seja, apenas o cérebro das pessoas treinadas nas duas atividades de forma simultânea aprendeu a lidar com a interferência.

Quem treinou com a versão completa também apresentou melhorias em áreas como atenção e memória, entre outras atividades cerebrais. Resumindo: ao treinar os idosos para lidar com a interferência, foi possível, com um único jogo, melhorar suas habilidades em várias áreas.

Embora os resultados sejam apenas iniciais, a pesquisa nos faz pensar se, no futuro, poderemos usar jogos de alta tecnologia não só para diversão, mas também para melhorar nossas capacidades cerebrais. Já pensou?