Ilustração Walter Vasconcelos

O pai chegou em casa, e seus quatro filhos mal deram tempo para ele fechar a porta.

– Cadê, pai? Passou na padaria? Cadê?

– Não vale esconder, pai!

– Onde está?

– Ah, pai… dá logo os bombons pra gente!

O pai levantou as mãos, pedindo calma, e disse:

– Aqui está a caixa de bombons. Mas, hoje, para não ter briga, vamos fazer a divisão assim: quem nasceu primeiro vai pegar um bombom e, depois, pegar mais um quinto do que sobrar. Em seguida, quem nasceu depois vai pegar dois bombons, e mais um quinto do que sobrar. Aí, o próximo que veio ao mundo vai pegar três bombons, e, depois, um quinto do que sobrar. E, por último, o caçula pega quatro bombons e um quinto do que sobrar.

A filharada ficou revoltada e confusa, pensando que a divisão, além de complicada, seria injusta. Na cabeça deles, certamente alguém levaria mais do que os outros nessa partilha.

Em coro, eles gritaram:

– Injusto! Injusto!

O pai, novamente levantando as mãos, mas não a voz, disse:

– Vocês acham que eu não sou justo?

Os filhos se entreolharam; todos eles achavam que o pai era sim um homem que não gostava de injustiças. Um deles, então, disse:

– Deixa a gente pensar, pai. Nessa caixa não cabem mais do que 20 bombons.

E o mais velho:

– Mas, se tivesse 20 bombons, e eu pegasse 1, sobrariam 19, que não dá pra dividir por 5!

E um outro: 

– Mas quem disse que há 20 bombons na caixa? 

E você, o que acha? Quem sabe você dá uma paradinha na leitura e tenta descobrir se o pai estava sendo justo ou não nessa divisão dos bombons.

Uma maneira de descobrir, e foi isso que os filhos fizeram, é assim:

Eles já tinham concluído que, se houvesse 20 bombons na caixa, não daria certo. Imaginaram, então, o que aconteceria se fossem 19 bombons. Como o filho mais velho teria que pegar 1 bombom e mais um quinto do que sobrasse, e 19 – 1 = 18, também não daria certo, já que não dá pra dividir 18 por 5. Continuaram diminuindo: tentaram 18, 17, 16… Opa! Como 16 – 1 = 15, então o irmão mais velho pegaria 1 bombom e mais um quinto de 15, que é 3. Assim, ele pegaria 1 + 3 = 4.

Agora, vamos ver como ficaria para o segundo mais velho. Dos 12 bombons que sobraram, ele pegaria 2, e depois um quinto do resto. Esse resto é 12 – 2 = 10. E um quinto de 10 é 2. Assim, o segundo mais velho pegaria 2 + 2 = 4.

Como essa conversa está ficando longa, deixo para você o prazer de descobrir se os outros dois filhos também receberiam 4 bombons cada um, ou se a divisão, no final das contas, era mesmo injusta.