
As festas juninas são uma atração cultural do nosso país. Um ponto alto delas são as quadrilhas, em que o costume é organizar os participantes em duplas. Mas você sabia que os números também curtem essa dança? Antes de explicar isso, preciso contar uma história…
Em alguma cidade do interior, há dois bairros rivais onde os números vivem: o bairro azul, onde os números são azuis, e o bairro vermelho, onde os números são vermelhos. Inspirados pelos humanos, os números desses dois bairros decidiram organizar uma quadrilha, e logo surgiu a discussão sobre como iriam organizar as duplas. Alguém do bairro azul disse:
– Que tal se os números pares formassem duplas com os números ímpares? Tipo assim: o 1 dança com o 2; o 3 com o 4, o 5 com o 6, e assim por diante.
A ideia parecia boa, e os números já estavam se organizando em filas com pares de um lado e ímpares do outro, quando chegou um novo grupo de números vindo do bairro vermelho. Eles formavam o conjunto de números pares positivos: 2, 4, 6, 8…
O número 1 azul, sempre querendo ser o primeiro, falou:
– Peraí! Nossa quadrilha já definiu as duplas, e não tem mais vaga aqui para vocês!
Então, o número azul mais sábio, o 360, que entende a importância da diversidade e da pluralidade, e que está acostumado a olhar em volta e observar vários pontos de vista, entrou na conversa:
– Calma lá, 1! Acho que podemos sim formar duplas incluindo os números vermelhos pares. Digo mais: podemos fazer isso de tal forma que, em cada dupla formada, um dos participantes seja azul e o outro vermelho. Essa dança colorida vai ser muito boa para integrarmos nossos bairros! Quem sabe dançando a gente se entender melhor?
O 1 retrucou:
– Nossa, 360! Será que você não consegue ver que só vieram os números pares vermelhos e aqui estamos todos os azuis? Para fazer o que você está querendo, o número de azuis e de vermelhos deve ser igual, e há muito mais azuis do que vermelhos! Por exemplo: se as duplas forem 2 e 2, 4 e 4, 6 e 6 etc., eu, o 1, e todos os outros números ímpares azuis, o 3, 5, 7… ficaríamos sem par.
O 360 ficou intrigado com o argumento do 1, e seus três dígitos cochicharam entre si, até que ele finalmente disse:
– Meu caro 1, entendo sua maneira ímpar de ver as coisas. Mas, nós, números, não somos como pessoas. Nós lidamos muito bem com o infinito! Vou te dar uma solução para definirmos as duplas para a quadrilha.
Será que você consegue imaginar qual é a ideia do 360 para formar a quadrilha? Ele pensou algo mais ou menos assim:
O 1 vai dançar com o 2, o 2 vai dançar com 4, o 3 vai dançar com 6, o 4 vai dançar com o 8, o 5 vai dançar com o 10, e, de forma geral, cada número azul vai dançar com o número vermelho que representa o seu dobro.
Essa ideia do 360 pode até parecer esquisita, mas, na verdade, é só uma questão de costume, como quando a gente aprende a dançar quadrilha pela primeira vez. Garanto que aprender a bailar com o infinito dos números pode ser uma das danças mais divertidas!

Matéria publicada em 30.09.2025