BIOINFORMATA!

Ilustração Daniel Bueno

Quando o mundo foi pego de surpresa pela pandemia de covid-19, cientistas do mundo todo se ocuparam em tentar frear o avanço da doença. O primeiro desafio foi entender como era o novo coronavírus, um mistério para a ciência até então. E profissionais de diferentes áreas se lançaram nessa jornada. Entre eles, os bioinformatas! Quem aí já ouviu falar nessa profissão?

Ela ainda é pouco conhecida da população em geral, mas vem ganhando destaque desde a emergência que o novo coronavírus causou. “Os bioinformatas analisaram e deduziram muitas das informações do DNA do vírus, e também seus componentes. Com isso, entendemos do que ele era capaz, abrindo espaço para enfim combatê-lo”, explica Luiz Henrique Groto Garutti, bioinformata da Universidade Federal do Amazonas. E essa área, acredite, vai além da ação na pandemia!

Supercomputadores e saúde

No dia a dia, a bioinformática une conhecimentos de biologia, computação, estatística e matemática para juntar, analisar e processar diferentes tipos de dados. No caso da covid-19, por exemplo, o estudo da informação genética, ou do DNA, do novo coronavírus ajudou na criação de vacinas e de testes de detecção do vírus. Isso permitiu medir o tamanho da crise sanitária, ou seja, entender como a doença se espalhou e atacou milhões de pessoas pelo planeta, para auxiliar governantes a traçarem suas estratégias de ação.

Tudo isso porque os bioinformatas, como o nome dá a pista, contam com a ajuda de muita tecnologia, como supercomputadores e programas avançados, que ajudam a processar esses tipos de informações de maneira mais organizada e rápida. Com isso, podem estudar diferentes vírus, doenças e gerar conhecimentos que colaboram no desenvolvimento de vacinas, novos tratamentos e até alertas, como o de uma possível pandemia.

Em tempo real

Além de acelerar o sequenciamento genético de um vírus – processo em que é possível saber como ele se comporta e se multiplica para poder combatê-lo –, por exemplo, há outras vantagens na combinação entre os supercomputadores e o cérebro afiado dos bioinformatas. Há ferramentas, por exemplo, que rastreiam em tempo real pesquisas feitas por pessoas na internet ou comentários em redes sociais para prever a ocorrência de novos surtos em determinadas regiões. Cabe aos bioinformatas, claro, entender e conectar todos esses dados para que tenham sentido.

“Utilizando as informações que são obtidas no mundo real, o bioinformata produz modelos matemáticos e estatísticos, que funcionam como uma série de equações, para responder os questionamentos que lançamos”, conta Garutti. Mas a máquina não faz o trabalho sozinha. Cabe aos bioinformatas a análise da qualidade dessas informações e a “tradução” do seu significado.

 

Mãos nos dados

Há muita procura por esses profissionais em universidades e em empresas do setor privado, como laboratórios ou clínicas. Mas não só. No Brasil, muitos bioinformatas pesquisam a diversidade dos ecossistemas do país e a composição de seres vivos, como plantas ou animais. Outros trabalham em projetos na área de agricultura.

Para se tornar bioinformata, a dica é fazer uma graduação na área de ciências biológicas ou de exatas, como matemática e estatística, e depois seguir para uma especialização que una os dois campos de conhecimento.

“O maior desafio é encontrar a ferramenta certa, ou então desenvolver a ferramenta necessária para o trabalho. Como existe muita diferença entre um trabalho e outro, temos sempre que estar procurando maneiras novas de trabalhar”, afirma Luiz Henrique.

Mas se engana quem acha que o dia a dia traz situações muito difíceis de resolver, ou que é preciso ter algum superpoder para mexer com o computador. “Nada substitui o esforço de aprender e lidar com os erros que aparecem”, diz o bioinformata. “Não é mágica e não acontece de uma hora para a outra. É preciso seguir em frente”. Quem topa o desafio?

Elisa Martins
Jornalista
Especial para a CHC

Matéria publicada em 01.07.2024

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