O mundo mini dos micromoluscos

Pegue a sua lupa porque você pode precisar! Afinal, vamos entrar em um minimundo muito curioso, o dos moluscos! Caramujos, caracóis, lesmas e mariscos muito menores do que você imagina estão à nossa espera. Para encontrar esses seres minúsculos existem especialistas no assunto, os malacólogos! Olho vivo para não perdê-los de vista!

Ilustração Walter Vasconcelos

Os micromoluscos, como o nome indica, são pequenos caramujos, caracóis e outros moluscos consideravelmente pequenos. Eles têm, em média, o tamanho de um grão de arroz. Mas alguns podem ser ainda menores, medindo micrômetros – um micrômetro equivale a um milímetro dividido por mil! Diga se não é um mini, ou melhor, micromundo?!

Esses animais superminúsculos vivem por toda sua vida em um hábitat específico: entre os grãos de areia ou entre as folhas que caem das árvores, enterrados no solo. Há os que vivem na entrada ou nas profundezas de uma caverna, grudados em rochas próximas a rios e lagos, ou mesmo parasitando a pele de animais marinhos como estrelas-do-mar, pepinos-do-mar, e poliquetas

Casca dura em água mole

Os micromoluscos podem ter ou não conchas, e exibem uma enorme variedade de formas, tamanhos e cores! Os que vivem no mar parecem ser mais abundantes (ou será que são apenas os mais estudados?) e suas conchas são ricas em carbonato de cálcio, o mesmo mineral da casca do ovo de galinha.

Essas conchas mais duras do micromoluscos marinhos são mais rígidas na comparação com as dos micromoluscos terrestres. Resistem mais tempo entre os grãos de areia, às ações do sol, das chuvas e ao bater das ondas. Por isso, podem ser mais facilmente encontradas por malacólogos. Estão presentes em diversas partes do ambiente marinho. Podem ser vistos grudados nos costões rochosos, em diversas algas e até em plantas marinhas, se alimentando entre os corais.

Quem é quem entre os micromoluscos?

A diversidade dos micromoluscos é enorme, mas aqui vão alguns exemplos!

Acoclídeos: não possuem concha e seu corpo é achatado semelhante a um verme. Vivem entre os grãos de areia, medem até 6 milímetros.

Eulimídeos: são conhecidos por suas conchas lisas, compridas e em formato de pirâmides. Vivem em ambientes marinhos grudados em outros organismos e medem até 8 milímetros.

Foto Philippe Bourjon/Wikimedia Commons

Pterópodes: têm conchas de até 4 milímetros em formato de tubo com pés em forma de asas, o que lhes permitem nadar livremente. Vivem em coluna d’água e podem atingir altas profundidades. São capazes de gerar uma teia de muco para capturar organismos ainda menores para se alimentarem.

Foto Alexander Semenov/Flickr/CC

Ancilídeos: são caramujos de até 5 milímetros com conchas em formato de chapéu chinês. Vivem em rios, lagos e cachoeira, adaptados a se fixarem em rochas nos arredores desses ambientes de água doce.

Foto Jujurenoult/iNaturalist/CC

Cariquiídeos: caracóis de até 5 milímetros com conchas de espiras altas. Vivem no ambiente terrestre, em cima do solo, na serrapilheira associado as folhas onde há nenhuma ou pouca luz, ou ainda em entradas de cavernas.

Foto Jujurenoult/iNaturalist/CC

Olho de cientista

Mas como é que cientistas são capazes de estudar animais tão pequenos? A resposta é… com a prática! Sim, é preciso muita prática para encontrar e manipular as pequenas conchas e os corpinhos dos micromoluscos sem danificá-los. Primeiro, coleta-se na natureza uma porção de sedimento, que pode ser retirado do fundo do mar ou de áreas costeiras. No caso de espécies terrestres, coleta-se a porção de serapilheira (a folhagem que cobre o solo) e da terra. No laboratório, com a ajuda de microscópios, pinças e lupas, o material coletado é minunciosamente inspecionado em busca do menor sinal desses organismos.

Obter esses animais é extremamente complicado. Às vezes, os que vivem em ambientes de difícil acesso, como em cavernas, somente podem ser encontrados por especialistas chamados espeleólogos, que nem sempre estão de olho nos mini-habitantes. Em ambientes marinhos, cientistas podem precisar de expedições longas, mergulhar muito fundo ou até mesmo usar submarinos para conseguir pegá-los.

Observe como pode ser minúsculo um micromolusco.
Foto B. Páll-Gergely and N. Szpisjak/Wikimedia Commons

Micromoluscos pelo mundo

Rússia e Alasca: há micromoluscos de 2 milímetros, com conchas com formato de globo, que vivem agrupados nos arredores das fontes de água quente (hidrotermais) do Vulcão Piip, em uma área de grande profundidade, onde a luz não alcança.

Leste da Europa: há caracóis do gênero Zospeum, medindo cerca de 2 milímetros. Eles têm conchas brancas, às vezes transparentes, e habitam cavernas da Croácia e de regiões na Bósnia e Herzegovina, e de montanhas entre a França e a Espanha. Preferem o solo rico em calcário, com muita luz e oxigênio.

Ásia: há micromoluscos do gênero Tonkinospira, medindo apenas 1 milímetro. São encontrados em cavernas, em regiões como Laos, Vietnã e China. São observados vivendo sobre a serapilheira.

Hemisfério Norte: em países como Estados Unidos, Inglaterra e Rússia são encontrados os valvatídeos, micromoluscos que medem até 5 milímetros e têm conchas enroladas como as de um caracol de jardim. Habitam as paredes rochosas de rios, lagos e estuários, e, normalmente, estão próximos à vegetação que cresce em seu entorno.

América do Sul:  na costa do Oceano Atlântico, podemos encontrar diversos micromoluscos marinhos, de formatos variados de conchas, em costões rochosos e em altas profundidades. O Brasil possui uma rica fauna de micromoluscos, sobretudo marinhos, como os piramelídeos, eulimídeos e os triforídeos. Mas podemos citar também os ancylídeos nos hábitats de água doce.

Vida em miniatura

Além dos moluscos, existe uma ampla diversidade de animais em miniatura, como anfíbios, répteis, peixes e até mesmo insetos, que exibem diversas adaptações que permitem que seu pequeno tamanho não atrapalhe sua vida. Por isso, da próxima vez que estiver em algum desses ambientes, tenha muita atenção, porque pode ser que você conheça um habitante desse micromundo!

Leslie Nascimento Altomari,
Setor de Malacologia,
Departamentos de Invertebrados,
Museu Nacional,
Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Matéria publicada em 01.11.2024

Comentários (9)

  1. Eu adorei essa notícia! É repleta de informações, e explica de forma que nós, crianças, podemos entender com clareza e facilidade. As informações são bem localizadas e as imagens são claras. Amei! ❤️

  2. Olá CHC! Meu Nome é Yasmin e eu amei saber sobre essa noticia eu amo saber sobre moluscos e peixes e etc… Eu amei saber sobre isso por que posso ensinar agora meus colegas e amigos sobre isso obrigado por ler! Tchau CHC! 💖

  3. ❤️🦠🐚❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️💗💗💗💗💗💗💖💖💖💖💖💖💖💘❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥❤️‍🔥💌💯💥💢👍🫰👏’

  4. Os alunos da E. E. Dr. Miguel Couto, de Promissão- SP gostaram muito deste texto. Parabéns!!

  5. Olá, CHC!
    Somos alunos do quarto ano A, da Escola Estadual Dr Miguel Couto, da cidade de Promissão- SP. Estamos aprendendo sobre textos de divulgação científica e lemos o texto “O mundo mini dos micromoluscos”. Adoramos o modo como ele é abordado e aprendemos muito sobre os micromoluscos. As imagens nos ajudaram a compreender melhor o assunto.
    Abraços,
    Alunos do quarto ano A

  6. Meu nome é Manuelly,eu ameii saber um pouquinho, foi muito interessante saber um pouco de cada um deles ,todos eles são miniatura,assim não conseguimos ver sem um microscópio como: acoclideos,eulimideos,pteropodes,ancillideos,cariquiídeos todos eles não conseguimos ver a olho nu achei muito interessante.

  7. Olá revista chc li a edição 360,baú de histórias,fala sobre o negro d água quero mais lendas.um beijo aguardo a resposta

  8. Gostei do seu texto e adorei o micromoluscos

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