
Era uma manhã bonita, com poucas nuvens no céu. O calor do Sol era aconchegante, ainda suave. Em meio às árvores, os pássaros faziam uma sinfonia de arrulhos, chilreios, gorjeios e trilados. Havia ainda outro som. Um tum-tum-tum veloz, como batidas em um tambor. Mas de onde vinha aquele tamborilar?
Sobre o tronco de um grande guatambu, um pica-pau batia com o bico. Parecia um martelo! Enquanto as outras aves cantarolavam, o pica-pau tamborilava. Essa é uma das maneiras que os pica-paus têm para se comunicar. Cada espécie tamborila de um jeito só dela.
Os pica-paus também batem com o bico em árvores em busca de comida. Primeiro eles procuram por buraquinhos que podem servir de moradia para larvas de insetos. Assim que encontram uma dessas fendas no tronco da árvore, vão bicando e arrancando pedacinhos de madeira, até encontrarem sua refeição, que é capturada com uma língua pegajosa e comprida.
A nossa língua fica presa atrás da boca por um ossinho chamado hioide. E a língua dos pica-paus também é presa pelo hioide. Mas, neles, esse osso é tão longo, que começa entre os olhos e dá a volta por trás da cabeça antes de se prender à língua. Isso ajuda a língua dos pica-paus a se esticar muito.
Alguns cientistas diziam que o longo hioide dos pica-paus funcionaria ainda como um “cinto de segurança” dentro da cabeça, reduzindo o impacto das bicadas nas árvores. Pensavam também que um osso parecido com uma esponja, atrás do bico, serviria de amortecedor das pancadas. Mas uma pesquisa de cientistas da Bélgica, França, Canadá e Alemanha, divulgada no ano de 2022, foi na contramão dos estudos anteriores sobre os pica-paus.
Imagine um martelo com uma espuma amortecedora. Vai ser mais difícil bater um prego com ele, não é? Da mesma forma, o time de pesquisadores imaginou que a bicada de um pica-pau seria mais fraca e ineficaz se a cabeça amortecesse a pancada.
Para testar se a cabeça dos pica-paus tem ou não um amortecedor natural, os cientistas filmaram seis pica-paus de três espécies diferentes. Foram 109 vídeos em câmera lenta, analisados passo a passo, com muitos cálculos matemáticos. E o resultado foi surpreendente.
Contrariando as pesquisas anteriores, o novo estudo indicou que, quando um pica-pau bica uma árvore, sua cabeça não amortece o impacto. Em você, uma pancada dessas causaria uma concussão, ou seja, machucaria o cérebro. Então, como o pica-pau não se machuca?
Segundo os cientistas, a resposta está no pequeno tamanho desses animais, na curta duração de cada pancada e na forma do seu cérebro. Tudo isso funciona em conjunto para que os pica-paus possam tamborilar sem dor de cabeça.

Henrique Caldeira Costa,
Departamento de Zoologia
Universidade Federal de Juiz de Fora
Sou biólogo e muito curioso. Desde criança tenho interesse em pesquisar os seres vivos, especialmente o mundo animal. Vamos fazer descobertas incríveis aqui!
Matéria publicada em 21.08.2025
Maria Flor Tabosa
Oi
Natan
Eu gostei muito desse texto,achei interessante como o animal não se machuca com essa pancada é consegue fazer isso sem dor de cabeça, é também a lingua gigante dele que começa entre os olhos e dá a volta por trás da cabeça.
Helena Veiga Costa
Nossa que legal.
Larissa Sabrina
Gostei da matéria e achei bem legal o fato de um animalzinho tão pequeno conseguir não sentir dor de cabeça pois se fossemos nós seres humanos iríamos sentir a dor na hora , sempre achei que não havia possibilidades desses animais tão pequenos conseguirem fazer essas coisas inacreditáveis, mais após ler há está matéria e algumas outras comecei a acreditar,acho essas coisas sobre a vida animal bem interessante pois gosto bastante dessas coisas sobre animais e espero que minha professora continue nos dando aulas sobre esses assuntos
TATIANA FAZAN
Bom dia,
Sou professora e estou amando conhecer os artigos da revista.
Gratidão!
Tatiana